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1.6.14

Resolver problema de construção, usando meias voltas e translações


Problema:     São dados cinco pontos \;A, \;B, \;C, \;D, \;E. Estes pontos são os pontos médios dos lados de um pentágono \;PQRST\; desconhecido. Reconstruir o pentágono.
Este problema está referido no livro Simetrias e Transformações Geométricas de Eduardo Veloso (p.15) e já aqui foi citado, bem como o artigo Cinco pontos, um problema e cinco resoluções, publicado no número 79 da revista Educação e Matemática de Setembro/Outubro de 2004. Recomendamos a leitura do artigo que conta uma história e apresenta 5 resoluções. Na circunstância, chamamos a atenção para a resolução usando transformações de Maria Dedò.
O enunciado é o que José Paulo Viana propõe numa mensagem a Eduardo Veloso.
A construção a seguir ilustra essa resolução do problema recorrendo a transformações geométricas. Clicando nos sucessivos botões 2, 3, ... acompanha os passos da resolução/demonstração(?).
  1. Estão dados os pontos \;A, \;B, \;C, \;D, \;E médios dos lados do pentágono de vértices \;P, \;Q, \;R,\;S,\;T\; cujas posições desconhecemos e queremos construir.
  2. Consideremos \;A\; ponto médio de \;PQ\;, \;B\; ponto médio de \;QR\;, \;C\; ponto médio de \;RS\;, \;D\; ponto médio de \;ST\;, \;E\; ponto médio de \;TP\;.
    Sejam quais forem as posições de \;P\; e de \;Q\;, sabemos que estão relacionados por uma transformação de meia volta centrada em \;A\;; \;Q\; e \;R\; estão relacionados por uma meia volta centrada em \;B\;
    Não sabendo a posição de \;P\;, tomemos \;P_1\; para uma "falsa" posição de \;Partida. E \begin{matrix} &{\cal{R}}(A, 180^o)&&{\cal{R}}(B, 180^o)&&{\cal{R}}(C, 180^o)&&{\cal{R}}(D, 180^o)&&{\cal{R}}(E, 180^o)&\\ P_1& \longmapsto& P_2 &\longmapsto&P_3&\longmapsto& P_4 &\longmapsto&P_5 & \longmapsto & P'_1\\ \end{matrix}


  3. © geometrias, 1 de Junho de 2014, Criado com GeoGebra



  4. Fácil é verificar que a composta de duas meias voltas é uma translação: \forall P_1, \;\;\left({\cal{R}}(B, 180^o) \circ {\cal{R}}(A, 180^o)\right) (P_1)={\cal{R}}(B, 180^o)\left( {\cal{R}}(A, 180^o ) (P_1)\right)={\cal{R}}(B, 180^o) (P_2) = P_3
    {\cal{R}}(B, 180^o) \circ {\cal{R}}(A, 180^o) = {\cal{T}}_{2\overrightarrow{AB}}: \;\;\;\; P_1 \longmapsto P_3
    Do mesmo modo, {\cal{R}}(C, 180^o) \circ {\cal{R}}(D, 180^o) = {\cal{T}}_{2\overrightarrow{CD}}: \;\;\;\; P_3 \longmapsto P_5
    A composta das duas translações é uma translação. Assim: {\cal{T}}_{2\overrightarrow{CD}} \circ {\cal{T}}_{2\overrightarrow{AB}} = {\cal{T}}_{2(\overrightarrow{AB}+\overrightarrow{CD})} : \;\;\; P_1 \longmapsto P_5
    que é o mesmo que dizer que as quatro primeiras meias voltas são equivalentes a uma translação.
  5. Se a composta de duas meias voltas é uma translação, a composta de uma translação com uma meia volta é uma meia volta: \begin{matrix} &{\cal{T}}_{2(\overrightarrow{AB}+\overrightarrow{CD})}&&{\cal{R}}(E, 180^o)&\\ P_1 & \longmapsto & P_5 & \longmapsto & P'_1 \end{matrix}
    Se \;P_1\; fosse a posição verdadeira de \;P\;, então seria \;P_2 \equiv Q, \; \;P_3 \equiv R, \;\;P_4 \equiv S, \;\;P_5 \equiv T, \; \;\;\;P'_1 \equiv P.
    Para a meia volta que a \;P_1 \; faz corresponder \;P'_1\; tem um ponto invariante, o centro da meia volta que é o ponto médio de todos os segmentos P_1P'_1 em que \;P_1\; é um ponto qualquer de \;P'_1\; é o seu correspondente por cinco meias voltas sucessivas: de centros \;A, \;B, \;C, \;D, \;E.
    É esse ponto médio de todos os \;P_1P'_1\; que tomamos para \;P\;
    Variando as posições de \;P_1\;, podemos constatar que a posição de \;P\; fica invariante.
  6. Finalmente, pode constatar que a sucessão de meias voltas de centros \;A, \;B, \;C, \;D, \;E permite determinar os vértices \;Q, \;R, \;S, \;T\; sendo \begin{matrix} &{\cal{R}}(A, 180^o)&&{\cal{R}}(B, 180^o)&&{\cal{R}}(C, 180^o)&&{\cal{R}}(D, 180^o)&&{\cal{R}}(E, 180^o)&\\ P& \longmapsto & Q & \longmapsto &R &\longmapsto & S& \longmapsto &T&\longmapsto& P\\ \end{matrix}
Pode variar as posições de \;A, \;B,\;C,\;D, \;E\; e de \;P_1\;.

12.5.14

Resolver problema de construção usando homotetia


Problema:     Desenhar uma circunferência que passa por um ponto dado, \;A\;, que seja tangente a duas retas dadas \;a, \;b.

A construção a seguir ilustra a resolução do problema recorrendo a transformações geométricas.


© geometrias, 12 de Maio de 2014, Criado com GeoGebra


Deslocando o cursor \;\fbox{k=1, ..., 5}\; ao fundo à direita, pode seguir os passos da construção.
  1. São dados um ponto \;A\; e duas retas \;a, \;b.
  2. Para que uma circunferência seja tangente a duas retas \;a, \;b\; é preciso que tenha centro equidistante delas. Esse centro está sobre uma bissetriz do ângulo das duas retas quando elas se intersetam ou sobre uma reta paralela a \;a, \;b\; quando estas são paralelas. No caso da nossa construção, as retas \;a.b\; são concorrentes em \;O. E, como sabemos, na bissetriz do ângulo das duas retas incidirá o centro de qualquer das circunferências tangentes a \;a\; e \;b.
  3. Tomamos um ponto \;G\; sobre a bissetriz e a circunferência nele centrada tangente a \;a\; em \;I\; e a \;b\; em \;H\;.
  4. Duas circunferências tangentes a \;a\; e \;b são correspondentes por alguma homotetia de centro \;O; Para determinar a homotetia entre uma circunferência \;(G)\; e a circunferência que passa por \;A\;, basta traçar a reta \;OA\; e a sua interseção \;J\; com \;(G)\;. A homotetia de centro em \;O\; que transforma \;J\; em \;A\; transforma \;G\; em \;K\;, este obtido pela interseção da bissetriz com a paralela a \;JG\; tirada por \;A.
  5. A circunferência de centro em \;K\; que passa por \;A\; é a homotética de \;(G)\; tangente à reta \;a\; no homotético de \;I\; e à \;b\; no homotético de \;H\;

16.4.14

Transformações geométricas do plano: generalidades.

Ao longo dos anos, fomos abordando e usando transformações geométricas do plano, em resposta a necessidades de estudo circunstanciais. Como agora vai acontecer, de resto.
Nas próximas entradas, vamos resolver problemas de construção geométrica com recurso a transformações geométricas ou usando o método das transformações, como escreve Howard Eves em Fundamentals of Modern Elementary Geometry já referido em várias entradas.
Repetidamente, Eduardo Veloso tem chamado a atenção para a falta das transformações geométricas na formação dos professores e no ensino, considerando que "as transformações são apenas tocadas ao de leve no ensino básico e completamente ignoradas no ensino secundário" (Educação Matemática nº 79 de 2004). Nessa reflexão publicada, sob o título "Cinco pontos, um problema e cinco soluções", Eduardo Veloso tenta uma explicação para não utilizarmos as transformações geométricas para a demonstração e/ou resolução de problemas de construção. Já no livro "Geometrias - Temas Actuais", Eduardo Veloso refere as diferentes perspectivas, desde a geometria sintética, passando pelo método das coordenadas (geometria analítica) até ao que designa como método das transformações geométricas (perspetiva funcional da geometria) para a resolução de problemas geométricos. Ao lado dessas perspectivas, Eduardo Veloso acrescenta a perspectiva vectorial (autónoma da geometria analitica). Recorrendo aos diversos métodos e perspectivas, apresenta diferentes resoluções de um mesmo problema e diferentes demonstrações de um mesmo teorema.
Mais recentemente, no seu livro "Simetrias e Transformações Geométricas", Eduardo Veloso volta a insistir no uso das transformações geométricas na resolução de problemas de construção geométrica, apresentando diversas propostas de trabalho nesse sentido.

Transformações geométricas do plano: generalidades

Definições e notações:
  1. Seja f uma correspondência que associa a cada ponto P do plano (ou {\rm I\kern-.17em R}^2 ) um e um só ponto P' =f(P) do plano (ou {\rm I\kern-.17em R}^2 ): P \neq Q \Rightarrow f(P) \neq f(Q)
    \forall Q, \; \exists P :\; f(P)=Q
    Chamamos transformação geométrica do plano a uma correspondência f, biunívoca, entre os pontos do plano, assim definida.
  2. Se f e g são duas transformações geométricas do plano, a correspondência que resulta de as aplicarmos sucessivamente, g após f, é obviamente uma transformação geométrica. Escrevemos \begin{matrix} &g&&f&\\ P& \longmapsto & Q&\longmapsto R \end{matrix} \:\:\:\: \mbox{ou} \:\:\:\: \begin{matrix} &g\circ f& \\ P \:\:\:\: &\longmapsto & R \end{matrix}
    g\circ f(P) = g(f(P)) = g(Q) = R
    . Chamamos composição (ou produto) de f com g à transformação geométrica g\circ f. Claro que, se f e g são transformações geométricas, f\circ g também é transformação geométrica.
  3. Se f é uma transformação geométrica do plano tal que \begin{matrix} &f&\\ P& \longmapsto & Q \end{matrix},
    também é transformação geométrica a correspondência f' tal que \begin{matrix} &f'&\\ Q& \longmapsto & P \end{matrix}
    a que chamamos inversa de f e representamos por f^{-1}.
  4. Há uma transformação geométrica a que chamamos identidade do plano, que faz corresponder a si mesmo cada ponto P do plano \begin{matrix} &id&\\ P& \longmapsto & P \end{matrix}
  5. É claro que f^{-1}(f(P))=f^{-1}(Q)=P\; \;\; e \; \;\;f(f^{-1}(Q)) = f(P) =Q. E escrevemos \begin{matrix} &f&&f^{-1}&\\ Q& \longmapsto & P&\longmapsto Q \end{matrix} \:\:\:\: \mbox{ou} \:\:\:\: \:\:\:\:\begin{matrix} &f\circ f^{-1}=id&\\ Q& \:\:\:\:\longmapsto & Q \end{matrix}
    \begin{matrix} &f^{-1}&&f&\\ P& \longmapsto & Q&\longmapsto P \end{matrix} \:\:\:\: \mbox{ou} \:\:\:\: \:\:\:\:\begin{matrix} &f^{-1}\circ f=id&\\ P& \:\:\:\:\longmapsto & P \end{matrix}
  6. O conjunto das transformações geométricas munido com a operação binária composição (ou produto) é um grupo

8.3.14

Usando lugares geométricos para resolver problemas de construção (8)


Problema:Construir um triângulo de que se conhecem um ângulo, o lado a ele oposto e a mediana relativa ao lado conhecido.

Na construção a seguir, apresentamos os passos da resolução do problema de construção..
1.
Dados: dois pontos \;B\;C\;,segmento \;a=BC\;,comprimento da mediana \;m_{BC}, ângulo de amplitude \;\alpha\;.
2.
A resolução do problema resume-se a encontrar pontos \;A\; , 3º vértice do triângulo \;ABC\; de que se conhecem \;B,\;C\;, sabendo que \;\angle B\hat{A}C\; terá de ser igual a \;\alpha\; e \;AM_{BC}=m_{BC}\;
  1. O 5º lugar geométrico da lista diz-nos que os pontos, dos quais partem retas para os extremos \;B,\;C\; de um segmento fazendo um ângulo \;\alpha\;, estão sobre dois arcos congruentes de duas circunferências com uma corda - \;a=BC\; - comum.
  2. O lugar geométrico dos pontos à distância \; m_{BC}\; de \;M_{BC}\;, ponto médio de \;BC\;, estão na circunferência de centro \;M_{BC}; e raio \; m_{BC}\; (1º lugar geométrico da lista)


© geometrias, 8 de Março de 2014, Criado com GeoGebra


3.
A interseção dos lugares geométricos (5º e 1º, para os dados do problema) são os pontos \;A, \; \; A_1 ,\; A_2 ,\; A_3\;.
Há, em consequência, quatro triângulos \;ABC, \; \; A_1 BC ,\; A_2 BC,\; A_3 BC\;, a vermelho na figura, que satisfazem as condições requeridas

6.3.14

Usando lugares geométricos para resolver problemas de construção (6)


Problema: Construir uma circunferência tangente a duas retas paralelas dadas e a passar por um ponto dado.

Na construção a seguir, apresentamos os passos da resolução do problema de construção..
1.
Temos inicialmente duas retas paralelas \;a,\;b\; e um ponto \;P\; dados .
2.
A resolução do problema resume-se a encontrar pontos \;O\; a igual distância das retas paralelas e do ponto \;P\;.
  1. O 2º lugar geométrico da lista diz-nos que os pontos equidistantes de uma reta \;m\; estão sobre retas paralelas a ela. Assim, é óbvio que o lugar geométrico dos pontos \;M\; equidistantes das retas \;a, \; b\; à distãncia \;d\; uma da outra, será a reta a elas paralela e a meia distância \; \displaystyle \frac{d}{2}\; entre \;a\; e \;b\;. Os pontos \;O\; procurados estão, por isso, sobre \;m\;.
  2. O lugar geométrico dos pontos à dstância \; \displaystyle \frac{d}{2}\; de \;P\; estão na circunferência de centro \;P\; e raio \; \displaystyle \frac{d}{2}\; (1º lugar geométrico da lista)


© geometrias, 6 de Março de 2014, Criado com GeoGebra


3.
A interseção dos lugares geométricos (1º e 2º, para os dados do problema) são os pontos \;O_1 \;\mbox{e} \; O_2 \; Há, em consequência, duas circunferências de raio \; \displaystyle \frac{d}{2}\; e centros \;O_1 \;\mbox{e}\; O_2 \; que são soluções do problema.