Na geometria euclidiana,
podemos usar a régua postulada (de arestas, sem marcas) e o compasso
postulado (colapsante, se tirar qualquer dos pontas do papel em que
desenha, não se mantémm a abertura entre as hastes) São instrumentos com
grandes limitações? Não, sendo instrumentos com grandes restrições,
permitem realizar muitas construções de geometria euclidiana compostas
por construções primitivas com régua de arestas (sem marcas) e com
compasso colapsante.
Modernamente, consideramos compassos modernos
que retêm as aberturas e são, por isso, usados para transferir
distâncias. Poderá o compasso colapsante fazer o mesmo que um compasso
moderno?
O compasso moderno constrói uma circunferência dados dois
pontos, mas, além disso, por transferir distâncias, constrói uma
circunferência dados um ponto (para centro) e um segmento (para
raio).
Mostremos que o compasso euclidiano também constrói, em
várias etapas, uma circunferência dados 3 pontos O, A, B em que O é o
centro e AB é o raio.
A isso mesmo damos resposta com a construção
dinâmica que se segue:
© geometrias, 14 de
Janeiro de 2014, Criado com GeoGebra
Sigamos os passos da construção,
deslocando o cursor
n.
- São dados três pontos O, A, B.
- Tomamos a
circunferência de centro O a passar por A e a circunferência de centro A
a passar por O que se intersetam em D e em E
- Tomamos, em
seguida as circunferências a passar por B centradas em D e em E que se
intersetam em B e em F
- A circunferência de centro O a passar
por F é a circunferência de centro O e raio AB.
Fica assim produzida a existência de uma
circunferência de que é dado o centro e uma distância para raio, usando
o compasso colapsante (postulado III). Ou, que o conjunto dos pontos que
estão a uma mesma dada distância de um ponto é uma circunferência.
Esta construção cria(?) assim o compasso moderno, composto por
procedimentos possíveis por recurso ao compasso colapsante.
Notas:
Uma definição dada não garante a existência do definido. As
demonstrações de Euclides usam construções e, por isso, os seus teoremas
são teoremas de existência de definidos por atributos precisos. Claro
que há muitas definições a que podem não corresponder existências ou que
não podemos construir com os instrumentos postulados.
Na construção
desta entrada,
dados O e A, podemos determinar o ponto D tal que
OD=OA=AD (vértices de um triângulo equiláero de lado OA) e isso é
prova
da existência de um triângulo equilátero. Proposição I: Com o centro
O e o intervalo OA se descreve (Post III) o círculo ODA; e, com o centro A
e o intervalo AO se descreve o círculo ADO. Do ponto D, onde os círculos
se cortam reciprocamente, tiram-se para os pontos O e A as retas DO e DA
(Post. I). O triângulo OAD será equilátero: Como O é o centro do círculo
ODA, OD=OA (Definição XV) e, do mesmo modo como A é o centro do círculo
ADO, AD=AO. Assim, como "duas coisas iguais a uma terceira são iguais
entre si"(Axioma 1), e OD e AD iguais a AO, OD=OA=AD . Seguiu-se
a
demonstração da Prop I dos Elementos de Euclides.