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23.8.15

Elementos: Construir um icosaedro (Proposição 16 do Livro XIII)


Proposição 16:
Construir um iscosaedro
inscritível numa dada esfera.

Consideremos a esfera dada definida pela semicircunferência de diâmetro \;AB\; a azul na figura em que também tomamos um ponto \;C\; do diâmetro tal que \;AC+CB=AB\; e \;AC=4\times BC\; e um ponto \;D\; da semicircunferência \;ADB\; tal que \; A\hat{C}D\; seja reto. Ficam traçados também a azul \;CD, \;DB,\;, este último presente em todos os passos da construção. Passos da construção:
  1. Tomamos uma circunferência de raio \;DB\;, e sobre ela, os pontos \;E,\;F,\;G, \; H, \;K\; como vértices de um pentágono equiângulo e equilátero (IV.11). E determinemos os pontos \;L, \;M, \;N,\;O,\;P, \; médios, respetivamente, dos arcos dessa circunferência \;EF, \;FG,\; GH,\; HK,\; KE.\; Como \;EFGHK\; é um pentágno equilátero, também \;LMNOP\; é um pentágono equilátero e \;ELFMGNHOKP\; é um decágono inscrito na mesma circunferência e também equilátero.
  2. Tomemos agora as retas passando por \;E,\;F,\;G, \; H, \;K\; fazendo ângulos retos com o plano da circunferência \;EFGHK\; e destas tomemos os segmentos \;EQ, \;FR, \;GS, \;HT,\;KU, \; de comprimento \;DB\; igual ao raio da circunferência \;EFGHK.\; Desta circunferência, na nossa construção, designamos por \;V\; o seu centro.
    A circunferência de raio \;DB\; e centro em \;W\; em que se inscreve \;QRSTU\; está num plano paralelo ao plano de \;EFGHK\; ou \;LMNOP\;, sendo \;EQ=VW=VE=DB. \;

    © geometrias. 2 de Setembro de 2015, Criado com GeoGebra

    Nota: Pode utilizar as ferramentas (topo esquerdo - para deslocar a figura e vê-la de vários pontos de vista; topo direito - para desfazer ou refazer transformações da figura)

    Tomemos os segmentos \;QR,\; RS,\; ST,\; TU,\; UQ,\; QL,\; LR,\; RM,\; MS,\; SN,\; NT,\; TO,\;OU,\; UP,\; PQ,\; limitando 10 triângulos.
    Como \;EQ, \;FR, \;GS, \;HT,\;KU, \; fazem ângulos retos com um mesmo plano, elas são paralelas e complanares duas a duas (XI.6) e de de igual comprimento. E segmentos de reta compreendidos entre paralelas do mesmo lado e iguais são elas próprias iguais e paralelas (I.33). Assim, \;QU\; é igual e paralela a \;EK,\; ou seja, \;EK\; tem comprimento igual ao lado do pentágono equilátero e equiângulo inscrito na circunferência \;EFGHK.\; Por isso, o pentágono \;QRSTU\; é equilátero. Por outro lado, como \;QE\; é o comprimento do lado do hexágono equilátero inscrito na circunferência \;EFGHK,\; por ser igual ao seu raio \;DB, \; e \;EP\; é lado do decágono inscrito na mesma circunferência, sendo \;Q\hat{E}P\; reto então \;QP\; é igual ao lado do pentágono equilátero inscrito na mesma circunferência, já que o quadrado do lado de um pentágono é igual à soma dos quadrados dos lados do hexágono e do decágono inscritos na mesma circunferência (XIII.10). Pelas mesmas razões \;PU\; será igual ao lado do mesmo pentágono e assim será \;QU\;, ou seja \;QPU\; é um triângulo equilátero.
    E, como \;QL^2=EL^2+QE^2,\; QL\; pode ser visto como lado do pentágono inscrito em \;(I, DB), \; do qual \;OP, \; \;LP,\; também podem ser vistos como lados, o triângulo \;QLP\; é equilátero. E, pelas mesmas razões, são equiláteros os triângulos \;LRM,\; MSN, \; NTO,\; OUP.\;
    Como já tínhamos visto, \;QRSTU\; é um pentágono equilátero de lados paralelos e iguais ao pentágono inicial \;EFGHK\; e assim são equiláteros (por terem lados comuns aos dos triângulos anteriormente referidos de que são iguais) os triângulos \; LQR, \;MRS, \;NST, \;OTU.\;
  3. Sobre a reta que passa pelos centros \;V,\; W\; das circunferências \;EFGHK\; e \;QRSTU\; (que fazem ângulos retos com os respetivos planos) tomem-se (para fora da faixa dos triângulos construídos) segmentos iguais ao lado \;EP\; do decágono inscrito na circunferência \;EFGHK\; com extremos \;V,\;X\; e \;W,\;Z.\; Como \;VX\; é o lado do decágono e \;VP\; é o lado do hexágono (raio), sendo \;X\hat{V}P\; um ângulo reto, então \;PX\; é o lado do pentágono. Do mesmo modo, se verifica que \;LX = MX=NX=OX=PL\; são iguais entre si por serem iguais ao lado do pentágono regular inscrito em \;(V, VP)\;. E podemos concluir que são iguais entre si e equiláteros os triângulos \;XLM, \;XMN, \;XNO, \;XOP, \;XPL,\; e iguais a \;PQL, \ldots\;
  4. De igual modo se provaria que são iguais aos anteriores os triângulos \;ZQR, \;ZRS, \;ZST, \;ZTU, \;ZUQ.\;

Temos assim um sólido limitado por uma superfície fechada composta por 20 triângulos iguais entre si e equiláteros, a saber
\;XLM, \;XMN, \;XNO, \;XOP, \;XPL;\;\;ZQR, \;ZRS, \;ZST, \;ZTU, \;ZUQ;\; \;LRM,\; MSN, \; NTO,\; OUP,\;PQL;\; \; LQR, \;MRS, \;NST, \;OTU,\;PUQ,\; que são as 20 faces; de lados \;XL, \;XM, \;XN,\; XO, \; XP; \;PL,\; LM, \;MN, \;NO, \; OP; \;PQ, \;QL, \;LR, \;RM,\;MS,\;SN,\;NT,\;TO,\;OU,\;UP;\; \; QR,\;RS,\; ST,\;TU,\;UQ;\;QZ,\;RZ,\;SZ,\;TZ,\;UZ,\; que são as 28 arestas; cujos extremos são \;V, \;L, \;M, \;N, \;O, \;P, \;Q, \;R, \;S, \;T, \;U, \;W,\; que são os 12 vértices do icosaedro.



Falta provar que este icosaedro está encapsulado (ou inscrito?) numa esfera gerada por um semicírculo de diâmetro \;AB\;:
Por construção, sabemos que \;XV=WZ=PE,\; VW=DB\; (respetivamente lado do decágono e lado do hexágono regulares inscritos na mesma circunferência em que se inscreve o pentágono \;EFGHK.\; Por isso, \;VZ =VW+WZ\; é dividido pelo ponto \;W\; em média e extrema razão (prop. XIII.9 : se os lados de um hexágono e de um decágono inscritos num mesmo círculo forem acrescentados um ao outro, obtém-se um segmento de reta que fica dividido em média e extrema razão pelo ponto de junção, sendo a parte maior o lado do hexágono) o que pode ser descrito por \; \displaystyle \frac{VZ}{VW}= \frac{VW}{WZ}.
  1. Consideremos os segmentos \;ZE, \;EV, \;EX, \; para além de \;XZ, \;XV,\;VW, \;WZ, \;VZ,\; os triângulos \;ZVE, \;XVE,\;ZEX\; e os ângulos \;Z\hat{V}E, \;X\hat{V}E,\; retos, por construção. Como \;VW=VE=EQ=DB\; e \;WZ=VX=PE,\; a expressão acima permite-nos escrever \; \displaystyle \frac{VZ}{VE}= \frac{VE}{VX}\; relacionando lados dos triângulos \;ZVE, \;XVE,\;ZEX\; que, por isso, os dois primeiros são triângulos retângulos em \;V\; e o terceiro é retângulo em \;E\; de altura \;VE = DB\;, semelhantes entre si (VI.8). O ponto \;E\; é pois um ponto da semicircunferência de diâmetro \;XZ\;. A mesma semicircunferência passa por \;Q\; (já que, obviamente e do mesmo modo, o triângulo \;XQZ\; é retângulo em \;Q\; e de hipotenusa \;XZ\; e com \;QW=DB.\; E, mantendo fixo o diâmetro (eixo) \;XZ,\;, a semicircunferência passará por todos os pontos angulares (vértices) do icosaedro construído, ao rodar em torno de \;XZ.\;
    Fica assim provado que o icosaedro construído está encapsulado numa esfera de diâmetro \;XZ.\; Será esta esfera de diâmetro \;AB ? \;
    • Sabemos que \frac{VZ}{VW}= \frac{VW}{WZ} \Leftrightarrow VW^2 = VZ \times WZ Consideremos o ponto \;J\; médio de \;VW\; que é também o ponto médio de \;XZ=XV+VW+WZ\; já que \;XV=WZ\;. Prova-se que, sendo \;VW\; o maior na divisão, por \;W\; de \;VZ\; em média e extrema razão, o quadrado do menor \;WZ\; acrescentado de metade do maior \;JW\; é 5 vezes o quadrado deste: (JW+WZ)^2 =5 \times JW^2 o que é fácil de verificar. (Assim: \;VW=2\times JW, \; então \;VW^2= 4\times JW^2 \;\; e, como antes tínhamos visto, \;VW^2= VZ \times WZ.\; Conclui-se que \; 4\times JW^2 = VZ \times WZ. \; Como \;VZ=VW+WZ \; e \;VW=2\times JW,\; podemos escrever \; 4\times JW^2 = (VW+WZ)\times WZ = VW\times WZ +WZ^2 =2\times JW\times WZ+WZ^2,\; e, concluindo JZ^2 = (JW+WZ)^2 = JW^2 + WZ^2 + 2JW\times WZ = JW^2+4\times JW^2 = 5\times JW^2.\;)
      Sendo \;JZ^2=5\times JW^2,\; como \;XZ=2\times JZ \; e \;VW= 2\times JW\;, \;XZ^2 = 5\times VW^2.\;


    • Dos dados iniciais, lembramos um triângulo \;ADB\; retângulo em \;D\; e de hipotenusa \;AB\;, sendo \;CD\; a altura a ela relativa e \;C: AC=4CB.\;
      São semelhantes entre si os triângulos retângulos \;ABD, \;DAC, \;BDC\;. Da semelhança \;ABD \sim BDC\; retiramos \; \displaystyle \frac{AB}{BD} = \frac{BD}{BC}\; ou \;BD^2 = AB\times BC\;.
      Como \;AB =AC+CB\; e \;AC=4\times CB, \; AB= 5\times BC ou \displaystyle BC = \frac{AB}{5}.\;
      Podemos agora escrever que \;5\times BD^2= AB^2.\; E como \;VW=DB\;, concluímos assim que \;AB^2 = XZ^2\; e \;AB=XZ.
Fica assim demonstrado que o icosaedro construído está encapsulado numa esfera de diâmetro de comprimento \;AB.\;

  1. EUCLID’S ELEMENTS OF GEOMETRY The Greek text of J.L. Heiberg (1883–1885) from Euclidis Elementa, edidit et Latine interpretatus est I.L. Heiberg, in aedibus B.G. Teubneri, 1883–1885 edited, and provided with a modern English translation, by Richard Fitzpatrick
  2. David Joyce. Euclide's Elements

15.8.15

Relações entre os lados dos pentágono, decágono e hexágono inscritos numa mesma circunferência


Proposição 16:
Construir um iscosaedro inscritível numa dada esfera.


Passos da construção:
Seja \;AB\; o diâmetro da esfera em que pretendemos inscrever um icosaedro.
  1. Começamos por dividir o diâmetro \;AB\; em duas partes \;AC\; e \;CB\; de tal modo que \;AC=4\times CB\; (VI.10). E seja o semicírculo \;ADB\; de diâmetro \;AB\; e tal que \; A\hat{C}D\; seja reto. Tomamos \;DB.\;
  2. Depois tomemos uma circunferência de raio \;DB\; e, sobre ela, os pontos \;E,\;F,\;G, \; H, \;K\; como vértices de um pentágono equiângulo e equilátero (IV.11). E determinemos os pontos \;L, \;M, \;N,\;O,\;P, \; médios, respetivamente, dos arcos dessa circunferência \;EF, \;FG,\; GH,\; HK,\; KE.\; Como \;EFGHK\; é um pentágno equilátero, também \;LMNOP\; é um pentágono equilátero e \;ELFMGNHOKP\; é um decágono inscrito na mesma circunferência e também equilátero.
  3. Tomemos agora as retas passando por \;E,\;F,\;G, \; H, \;K\; fazendo ângulos retos com o plano da circunferência \;EFGHK\; e destas tomemos os segmentos \;EQ, \;FR, \;GS, \;HT,\;KU, \; de comprimento \;DB\; igual ao raio da circunferência \;EFGHK.\;

    © geometrias. 25 de julho de 2015, Criado com GeoGebra

    Nota: Pode utilizar as ferramentas (topo esquerdo - para deslocar a figura e vê-la de vários pontos de vista; topo direito - para desfazer ou refazer transformações da figura)

    Tomemos os segmentos \;QR,\; RS,\; ST,\; TU,\; UQ,\; QL,\; LR,\; RM,\; MS,\; SN,\; NT,\; TO,\;OU,\; UP,\; PQ,\; limitando 10 triângulos.
    Como \;EQ, \;FR, \;GS, \;HT,\;KU, \; fazem ângulos retos com um mesmo plano, elas são paralelas e complanares duas a duas (XI.6) e de de igual comprimento. E segmentos de reta compreendidos entre paralelas do mesmo lado e iguais são elas próprias iguais e paralelas (I.33). Assim, \;QU\; é igual e paralela a \;EK,\; ou seja, \;EK\; tem comprimento igual ao lado do pentágono equilátero e equiângulo inscrito na circunferência \;EFGHK.\; Por isso, o pentágono \;QRSTU\; é equilátero. Por outro lado, como \;QE\; é o comprimento do lado do hexágono equilátero inscrito na circunferência \;EFGHK,\; por ser igual ao seu raio \;DB, \; e \;EP\; é lado do decágono inscrito na mesma circunferência, sendo \;Q\hat{E}P\; reto então \;QP\; é igual ao lado do pentágono equilátero inscrito na mesma circunferência, já que o quadrado do lado de um pentágono é igual à soma dos quadrados dos lados do hexágono e do decágono inscritos na mesma circunferência (XIII.10). Pelas mesmas razões \;PU\; será igual ao lado do mesmo pentágono e assim será \;QU\;, ou seja \;QPU\; é um triângulo equilátero.
    Por razões análogas, podemos concluir que os triângulos construídos \;LRM, \; MSN,\; NTO,\; OUP.\; E, como \;QL\; e \;OP \;, assim como \;LP,\; também podem ser vistos como lados do pentágono, o triângulo \;QLP\; é também equilátero. E, pelas mesmas razões, são equiláteros os triângulos \;LRM,\; MSN, \; NTO,\; OUP.\;
  4. Sobre a reta que passa pelos centros \;I,\; J\; das circunferências \;EFGHK\; e \;QRSTU\; (que fazem ângulos retos com os respetivos planos) tomem-se (para fora da faixa dos triângulos construídos) segmentos iguais ao lado \;EP\; do decágono inscrito na circunferência \;EFGHK\; com extremos \;I,\;V\; e \;J,\;W.\; Como \;IV\; é o lado do decágono e \;IP\; é o lado do hexágono (raio), sendo \;V\hat{I}P\; um ângulo reto, então \;PV\; é o lado do pentágono. Do mesmo modo, se verifica que \;LV = MV=NV=OV=PL\; são iguais entre si por serem iguais ao lado do pentágono regular inscrito em \;(I, IP)\;. E podemos concluir que são iguais entre si e equiláteros os triângulos \;VLM, \;VMN, \;VNO, \;VOP, \;VPL,\; e iguais a \;PQL, \ldots\;
  5. De igual modo se provaria que são iguais aos anteriores os triângulos \;WQR, \;WRS, \;WST, \;WTU, \;WUQ.\;


  1. EUCLID’S ELEMENTS OF GEOMETRY The Greek text of J.L. Heiberg (1883–1885) from Euclidis Elementa, edidit et Latine interpretatus est I.L. Heiberg, in aedibus B.G. Teubneri, 1883–1885 edited, and provided with a modern English translation, by Richard Fitzpatrick
  2. David Joyce. Euclide's Elements

7.7.15

Elementos: Construção de um cubo inscritível numa dada esfera


Proposição 15:
Construir um cubo que se possa inscrever-se numa esfera dada e mostrar que o quadrado do diâmetro da esfera é triplo do quadrado da aresta do cubo nela inscrito.

Construção:
  1. Seja \;AB\; o diâmetro de uma dada esfera (ou seja a esfera gerada pela revolução de um semicírculo em torno do seu diâmetro de comprimento \;AB\;)
  2. Dividimos \;AB\; em dois segmentos \;AC\; e \;CB\; tais que \;AC=2CB\;
  3. Tiremos por \;C\; uma perpendicular a \;AB\; e, no mesmo plano, tomemos \;D ,\; ponto de interseção dessa perpendicular com a semicircunferência de diâmetro \;AB\;
  4. Tracemos \;CD\; e \;DB.\; - \;A\hat{C}D=D\hat{C}B = 1\; reto
  5. Tomámos depois um ponto \;E\; e, a partir dele, construímos um quadrado \;EFGH\; de lado igual a \;DB\;.
  6. Em seguida, tirámos por \;E, \;F,\; G,\;H\; perpendiculares ao plano do quadrado \;EFGH\; e, sobre cada uma delas, tomámos um ponto de modo a obtermos \;EK, \;FL,\; GM,\; HN\; iguais a um dos segmentos \;EF, \; FG,\;GH,\;FE.\;
  7. Finalmente, desenhámos \;KL,\;LM,\; MN,\;NK.\;
Obtivemos assim um cubo, limitado pelos seis quadrados iguais \;EFGH, \;KLMN, \;EFLK,\;FGML,\;GMNH, \;NHKE.\;

Temos agora de provar que esse cubo tem os vértices sobre uma esfera de diâmetro \;AB\; e que o quadrado de lado igual ao diâmetro da esfera é triplo do quadrado de lado igual à aresta do cubo.

© geometrias. 1 de julho de 2015, Criado com GeoGebra

Nota: Pode utilizar as ferramentas (topo esquerdo - para deslocar a figura e vê-la de vários pontos de vista; topo direito - para desfazer ou refazer transformações da figura)

Demonstração:
  1. Tomamos \;KG\; e \;EG.\;Por construção \;KE\; é perpendicular ao plano \;EFG\; e é por isso, perpendicular a \;EG\; - \;K\hat{E}G\; é reto - o que quer dizer que a semicircunferência de diâmetro \;KG\; passa por \;E.\;
    Como \;GF\; faz ângulos retos com cada uma das retas \;FL\; e \;FE\;, então \;GF\; também faz ângulos retos com o plano \;KEF\; e, por isso, também é reto o ângulo \;G\hat{F}K.\; E, portanto a semicircunferência de diâmetro \;KG\; também passará por \;F\; na sua rotação em torno de \;KG.\;
    Iguais raciocínios nos permitem concluir que essa semicircunferência rodando em torno de \;KG\; passará por todos os vértices do cubo construído.
    Assim, mantendo fixo \;KG\; a semicircunferência em revolução passa pelas mesmas posições desde que iniciou a rotação, o que quer dizer que o cubo está compreendido numa esfera de diâmetro \;KG.\;
    Será que está compreendido na esfera dada?
    1. Como \;GF=FE\; e \;G\hat{F}E\; é ângulo reto, então \;GE^2 =FG^2+FE^2 = 2\times EF^2.\; Mas como \;EF=EK\; então \;EG^2=2\times EF2\; e como o ângulo \;G\hat{E}K\; é reto, então \;KG^2= GE^2+EK^2\;. Podemos concluir que \;GK^2=2EF^2+EF^2=3EF^2\;
    2. Por terem ângulos iguais, cada um a cada um, os triângulos \;ADB\; e \;BCD\;, sabemos que \frac{AB}{DB}=\frac{DB}{BC} \; \; \; \text{que é o mesmo que} \; \; \; DB^2=AB\times BC e, como \;\displaystyle \frac{AB}{BC}= \frac{AB\times AB}{AB\times BC}\; sendo, por construção, \;\displaystyle \frac{AB}{BC}=3 \;\; \text{e}\;\; \frac{AB}{BC}=\frac{AB^2}{BD^2} \;\; \text{então} \;\; AB^2=3\times DB^2 Na Geometria de Euclides, este resultado aqui apresentado a partir algebricamente já foi demonstrado antes por métodos geométricos....
    3. /ol> Fica assim provado que, por ser \;EF=DB\; e \;AB^2=3\times DB^2 podemos concluir que \;AB^2= GK^2\; e \;AB=GK. Ou seja o cubo construído é inscritível numa esfera de diâmetro \; AB\; dado.
              □


  1. EUCLID’S ELEMENTS OF GEOMETRY The Greek text of J.L. Heiberg (1883–1885) from Euclidis Elementa, edidit et Latine interpretatus est I.L. Heiberg, in aedibus B.G. Teubneri, 1883–1885 edited, and provided with a modern English translation, by Richard Fitzpatrick
  2. David Joyce. Euclide's Elements

1.7.15

Livro XIII: Construção de um octaedro inscrito numa esfera dada


Proposição 14:
Construir um octaedro inscrito numa esfera dada e mostrar que o quadrado do diâmetro da esfera é o dobro do quadrado da aresta do octadedro nela inscrito.
Passos da construção:
  1. Tomámos um segmento \;AB\; para eixo de um semicírculo gerador da esfera.
  2. Determinámos um ponto \;C \; de \;AB\; tal que \;AC=CB\;
  3. Assinalámos \;D\; na interseção da perpendicular a \;AB\; tirada por \;C\; com o semicírculo de diâmetro \;AB \;. Traçámos o segmento de reta \;DB\;
  4. Prolongámos \;CD\; e tomámos sobre essa a reta, a partir de \;C\; em sentido oposto ao de \;D,\; um segmento de comprimento igual \;AB\; e uma circunferência com esse segmento para diâmetro.
  5. No caso da nossa construção, tomámos um ponto \;E\; dessa circunferência e nela inscrevemos um polígono \;EFGH\; tais que \;EF = EG = FG=GH=DB\;. Podíamos ter tomado um outro quadrado de lado igual a \;DB\; em qualquer lugar do espaço. As opções tomadas só têm a ver com aspeto e tamanho da nossa construção.
  6. Sendo \;K\; o centro da circunferência, tirámos uma perpendicular ao plano da circunferência \;(EFGH)\; e sobre ela tomámos \;L\; e \;M,\; um de cada lado do plano de \;(EFGH)\;, tais que \;KL=KM=KE=KF=KG=KH\;
  7. Os 6 pontos \;E,\;F,\;G,\;H,\;L,\;M\; serão vértices de um sólido de 8 faces triangulares \;LEF,\;LFG,\;LGH, \;LHE,\;MEF, \;MFG, \;MFH, \; MHE,\; que duas a duas se intersetam em alguma das 12 arestas \;EF, \;FG, \;GH, \;HE, LE,\;LF,\;LG,\;LH,\;ME, \;MF,\;MG,\;MH.\; Traçamos tais arestas e faces.
Demonstraremos que o sólido construído é o octaedro requerido e que o quadrado do diâmetro da esfera é o dobro do quadrado da aresta do octaedro inscrito na esfera.

© geometrias. 1 de julho de 2015, Criado com GeoGebra

Nota: Pode utilizar as ferramentas (topo esquerdo - para deslocar a figura e vê-la de vários pontos de vista; topo direito - para desfazer ou refazer transformações da figura)

Demonstração:
  1. Por construção, \;EFGH\; é um quadrado de lado igual a \;DB.\;E \;EK=FK=GK=HK=KL=KM\; sendo iguais os ângulos \;L\hat{K}E = M\hat{K}E = L\hat{K}F =M\hat{k}F = … = \;1 reto. Por isso, \;EK^2=LK^2, \; \; EL^2= 2\times EK^2. \; Do mesmo modo, \;EH^2=2 \times EK^2\; e, por isso, \;EL=EH\;. Pelas mesmas razões, \;LH = HE.\;. Assim, podemos concluir que o triângulo \;LEH\; é equilátero.
    Podemos concluir que são equiláteros todos os restantes triângulos cujas bases são os lados do quadrado \;EFGH\; e o terceiro vértice opostos de cada base é \;L\; ou \;M\;. Isto quer dizer que construímos um sólido cujas faces são triângulos equiláteros iguais, ou seja, é um octaedro o que construímos.
  2. Falta-nos provar que os vértices do octaedro construído são pontos da superfície esférica de diâmetro igual a \;AB.\; Assim provamos a seguir:
    1. Por construção, EF=FG=GH=HE=DB e, como vimos, os triângulos de bases \;EFL, \;FGL, \;GHL, \;HEL, \: EFM, \;FGM, \;GHM, \;HEM, \: são equiláteros de lados iguais a \;DB.\;
    2. Como \;LK, \;KM,\;KE\; são iguais, a semicircunferência desenhada de diâmetro \;LM\; também passa por \;E.\; E pela mesma razão, o semicírculo rodando em torno de \;LM\; fixo também passa pelos pontos \;F, G, H\; e o octaedro terá os seus vértices numa esfera de diâmetro \;LM.\;
    3. E dado que \;LK=KM\; e \;KE\; comum nos triângulos \;LKE\; e \;MKE\; ambos retângulos em \;\hat{K}\;, \;LE=EM\;
    4. E como, por construção \;L\hat{E}M\; é reto por estar inscrito num semicírculo de diâmetro \;LM, \; então \;LM^2= 2 \times LE^2\;
    5. E como, por construção, o triângulo \;ADB\; é retângulo em \; \hat{D}\; (inscrito no semicírculo) e \;AD=DB\; então \;AB^2=AD^2+DB^2, \; de onde retiramos que AB^2=2\times DB^2
    6. Por ser, como vimos, \;LE =DB\;, podemos dizer que \;AB^2=LM^2= 2 \times LE^2, de onde se conclui:
      \;AB=LM\;\; e \;\;AB^2 = 2 \times LE^2
    Fica assim provado que a semicircunferência de diâmetro \;LM\; gera uma esfera (a passar pelos vértices do octaedro construído) congruente com esfera dada - gerada pela semicircunferência de diâmetro \;AB.\;
    e também ficou provado que o quadrado de lado igual ao diâmetro de uma esfera dada é igual ao quadrado de lado igual à aresta do octaedro nela inscrito.           □


  1. EUCLID’S ELEMENTS OF GEOMETRY The Greek text of J.L. Heiberg (1883–1885) from Euclidis Elementa, edidit et Latine interpretatus est I.L. Heiberg, in aedibus B.G. Teubneri, 1883–1885 edited, and provided with a modern English translation, by Richard Fitzpatrick
  2. David Joyce. Euclide's Elements

26.6.15

Livro XIII: Construção de um tetraedro inscrito numa esfera.



Proposição 13:
Construir uma pirâmide regular (ou tetraedro), inscrevê-la numa dada esfera e mostrar que o quadrado do diâmetro da esfera é uma vez e meia o quadrado do lado (aresta) da pirâmide.
Passos da construção:
  1. Tomámos um segmento \;AB\; para eixo de um semicírculo gerador da esfera (ou igual a ele) No nosso caso, tomámos mesmo um segmento que é o eixo da esfera gerada pelo semicírculo \;(ADB)\;
  2. Determinámos um ponto \;C \; de \;AB\; tal que \;AC=2.CB\; (Prop. 9 Livro VI (9.6))
  3. Assinalámos \;D\; na interseção da perpendicular a \;AB\; tirada por \;C\; com o semicírculo de diâmetro \;AB \;. Traçámos o segmento de reta \;AD\;
  4. Tomámos um círculo \;EFG\; de raio iguala \;DC\; e tal que \;HK\; é perpendicular a \; AB \; tirada pelo centro \;O\; do semicírculo \;ADB\; e \;HK= AC\; (de um modo mais geral só é preciso que \;HK\; seja perpendicular ao plano do círculo \;(EFG)\;
  5. No caso da nossa construção, tomámos um ponto \;E\; genérico da circunferência \;(H, \;DC)\; que, por isso, pode mover-se sobre ela em que inscrevemos um triângulo equilátero determinámos \;EFG\; tais que \;EF = EG = FG\;
  6. Finalmente, traçamos os 6 segmentos \;FE, \;EG, \;FG, \;KE, \;KF, \;KG\; que são certamente arestas de uma pirâmide triangular cujas faces são os 4 triângulos \;EFG, \;KEF, \;KEG, \; KFG\;
Será a pirâmide assim construída um tetraedro com os 4 vértices \;K, \;E, \;F, G\; incidentes na superfície esférica gerada por uma semicírcunferência de diâmetro \;AB?\; Falta demonstrar que é! E demonstrar que \;AB^2 = \displaystyle \frac{3}{2}.AD^2.\;

© geometrias. 23 de junho de 2015, Criado com GeoGebra

Demonstração:
  1. Da construção, sabemos que
    1. sendo \;AC=2CB \; \text{e}\; AB=AC+CB, \; \text{então}\; AB=3CB\;
    2. o ângulo \;ADB\; é um reto por estar inscrito num semicírculo, ou seja, o triângulo \;ABC\; é retângulo em \;D\;
    3. sendo \;CD\; é altura relativa à hipotenusa \;AB\; do triângulo retângulo \;ADB\; de catetos \;AD\; e \;DB\;. O triângulo \;ABC\; tem os ângulos iguais cada um a cada um, a cada um dos triângulos em que está dividido por \;CD,\; a saber : \;ACD,\;DCB \;.
    Por ser \;ABD \sim DAC, \; \;\;\displaystyle \frac{AB}{AD}= \frac{DA}{AC}, \; ou seja, verifica-se que \;\; AD^2=AB\times BC
    Por construção \; \displaystyle \frac{AB}{BC} = 3 \; que nos permite dizer que \; \displaystyle \frac{AB\times BC}{BC\times BC} = \frac{AD^2}{BC^2} =3\; ou que \;AD^2= 3 \times BC^2 .
    (Note que estes resultados aparecem n'Os Elementos demonstrados geometricamente com recurso a figuras e operações como as de remover ou juntar (sem sobreposição) e retirar figuras congruentes ou iguais em área para obter novas figuras. É um bom exercício reconstruir esse processo, especialmente para os que parecem imediatos, vistos algebricamente, como é o último destes.)
  2. A pirâmide triangular construída é regular:
    1. Por construção, o raio da circunferência \;(EFG)\; centrada em \;H\; é igual a \;CD, \; ou seja \;CD=KE=KF=KG.\; e o triângulo \;EFG\; é equilátero.
      Pela proposição 12, estudada no artigo anterior, garantimos que o quadrado de lado igual ao de um triângulo equilátero é triplo do quadrado do raio da circunferência em que se inscreve: No nosso caso, podemos escrever que \;EF^2= 3\times KE^2 = 3 \times CD^2.
      Fica assim claro que, \;EF^2 = AD^2\; por serem ambos iguais a \;3 \times CD^2\; e, finalmente, podemos dizer que \;EF=AD\;.
      A base \;EFG\; da pirâmide construída é um triângulo equilátero de lado igual a \;AD\;
    2. Por construção, \;HK\; é tomada sobre a perpendicular ao plano de \;(EFG)\; e, por isso é perpendicular a todas as retas desse plano que incidam em \;H\;, ou seja: os triângulos \;KEH, \; KFH,\; KGH\, são triângulos retângulos em \;H\;, sendo os seus catetos, por construção, iguais a \;CD=KE\; e a \;AC\;
      Por isso, \;KE^2 =KF^2=KG^2 = AC^2+ CD^2= AD^2. Ou seja, os lados \;KE,\;KF, \;KG\, destes triângulos retângulos são iguais AD e iguais aos \;EF, \;EG, \;FG\;, para concluirmos que os triângulos \;KEF, \;KFG, \;KGE,\; EFG\; são triângulos equiláteros de lados iguais a \;AD\;
    A pirâmide construída tem as seis arestas iguais e as quatro faces triângulares iguais entre si, equiláteras e equiangulares.
  3. Falta agora provar que os vértices da pirâmide construída incidem numa superfície esférica igual à de diâmetro \;AB\;.
    Por construção \;HK=AC=2BC.\; Tome-se \;L\; colinear com \;H, \;K\; e tal que \;HL=BC:\; Assim \;KL=AB=AC+BC=3BC.\;
    Assim como \; \displaystyle \frac{AC}{CD} = \frac{CD}{CB} , \; também \;\displaystyle \frac{KH}{HE} = \frac{HE}{HL},\; já que \;HK=AC, \; HE=CD, \; HL=CB \, e \;KH\times HL=HE^2,\; para além de cada um dos ângulos \;K\hat{H}E, E\hat{H}L\; ser reto, ficando garantido que o semicírculo de diâmetro \;KL\; passa por \;E\;. Se considerarmos fixado o diâmetro \;KL,\; no movimento volta inteira do semicírculo em torno de \;KL\;, o semicírculo passará pelos pontos \;F,\;G\; já que \;FL\; e \;LG\; acompanham o movimento rigidamente e os ângulos em \;F \; e em \;G\; se tornam retos e a pirâmide é compreendida pela esfera dada já que para \;KL, \; o diâmetro da esfera é igual ao diâmetro \;AB\; da esfera dada e \;KH\; foi construído igual a \;AC \; e \;HL\; igual a \;CB.\;
  4. Só nos falta provar que o quadrado do diâmetro da esfera é igual a uma vez e meia o quadrado do lado da pirâmide.
    Como \;AC=2\times CB, \;\;\; AB= 3 \times CB\; e \;\displaystyle \frac{AB}{AC} = \frac{3}{2}\; ou \; AB=1,5 \times AC.\;
    Ao mesmo tempo, \; \displaystyle \frac{BA}{AC} =\frac{BA^2}{AD^2}\;. Portanto \; \displaystyle \frac{BA^2}{AD^2} = \frac{3}{2}\; ficando assim provado que o quadrado sobre o diâmetro \;AB\; da esfera é uma vez e meia o quadrado sobre a aresta \;AD.\;


  1. EUCLID’S ELEMENTS OF GEOMETRY The Greek text of J.L. Heiberg (1883–1885) from Euclidis Elementa, edidit et Latine interpretatus est I.L. Heiberg, in aedibus B.G. Teubneri, 1883–1885 edited, and provided with a modern English translation, by Richard Fitzpatrick
  2. David Joyce. Euclide's Elements