7.11.17

Notas sobre o problema do quadrado dobrado

Problemas Sangaku de Optimização

Nesta entrada, embora todas as construções sejam feitas com régua e compasso, recorremos a operações algébricas, conceitos de função, derivada, etc.

Nas condições já descritas em entrada anterior que vale a pena rever por ter sio ampliada, dobrámos um quadrado de papel de cantos A,B,C,DA,B,C,D
mantendo fixos os cantos B,CB,C e levando A a sobrepor-se a um ponto A de BC.
Escolhemos, para isso, um ponto P[AB] para extremo de uma linha de dobra mais próximo de B que de A. Sabemos que
— para cada ponto P há um só A[BC] tal que ¯PA=¯PA,
ADAD sendo ADPAAD=AD,
o outro ponto E[CD] extremo da linha de dobra está na perpendicular a AD tirada por D e é tal que ¯ED=¯ED,
— os trapézios APED e APED são geometricamente iguais, ou a figura APADED admite a linha de dobra PE como eixo de simetria (reflexão)
— são semelhantes os triângulos retângulos PBA,ACF,FDE. já que são complementares entre si B^AP e F^AC e, cada um deles, ser respetivamente complementar com AˆPB e CˆFA e este último ser verticalmente oposto a EˆFD, obviamente complementar de DˆEF.

Apresentamos, nesta entrada, relações entre comprimentos de segmentos (do quadrado, dos trapézios, dos triângulos, etc) que não dependam da posição de P e nos foram sendo sugeridas por leituras a respeito de um problema de optimização Sangaku.....

As quatro etapas da construção que ilustram as diversas relações podem ser seguidas na figura dinâmica abaixo.

© geometrias, 23 outubro 2017, Criado com GeoGebra

  1. Começamos por apresentar o quadrado ABCD e
  2. a castanho, o trapézio ADEP, imagem de ADEP por uma reflexão de eixo EP.
  3. A circunferência de centro em A e a passar por D (de raio AD=AB) passa pelo ponto T de tangência de (A,AB) com AD (ATADAT=AB ) a que, ao dobrar pela reflexão de eixo EP, corresponde o ponto T de tangência de AD com (A,AB) ( a reflexão de eixo EP que transforma (A,AB) em (A,AB) mantém a tangência)
    Ficou assim provado que T é um ponto de tangência de AD com (A,AB).
    1. Em consequência, e por B e D serem pontos de tangência de (A,AB) respectivamente com BA e com DF são iguais os segmentos dessas tangentes, a saber: AT=AB e FT=FD.
    2. E podemos agora provar que o perímetro do triângulo ACF AC+AF+FC=AC+AT+TF+FC=CA+AB+DF+FC=BC+CD é igual a metade do perímetro do quadrado ABCD.
    3. Do mesmo modo, como CA+AF+FC=BC+AD=BA+AC+AF+FD=CA+AF+AB+FD concluímos que FC=AB+FD
    4. Como ΔACFΔFDEAFEF=ACDE=CFDF ΔPBAΔFDEBAFD=PBED=PAEF ΔACFΔPBAAFAP=ACPB=CFAB e FC=AB+FDFCFD=FDFD+ABFD=1+ABFD,¯FD0 ou seja, a razão da semelhança que transforma ΔFDE em ΔACF excede em 1 o valor da semelhança que transforma ΔFDE em ΔPBA e é, por isso, sendo verdade que FC=AB+FD também é verdade que AC=PB+DE e AF=PA+EF. CF+FA+AC=AB+FD+PB+DE+PA+EF=BA+AP+PB+FD+DE+EF e concluimos que o perímetro de ΔACF é igual à soma dos perímetros de ΔPBA e ΔFDE.
  4. Mostra-se nesta etapa o círculo inscrito de centro em I e raio r=IJ=IK=IL no triângulo ACF retângulo em C e os pontos de tangência: J do lado tangente AC,K do lado tangente CF,L do lado tangente AF. Cada um destes pontos de tangência divide o lado respetivo em dois segmentos, a respeito dos quais sabemos que AL=AJ,FL=FK,CJ=CK=JI=KI=LI.
    Ainda nos interessam alguns resultados que relacionam o inraio r do triângulo ACF com os seus lados e dos outros triângulos semelhantes a este.
      Podemos também provar que
    1. o inraio r=IJ=IK=IL=JC=CK tem comprimento igual ao segmento [FD].
      Como CF+FA+AC=CK+KF+FL+LA+AJ+JC=r+FL+FL+LA+LA+r= =2r+2FL+2LA=2(r+FL+LA) e AD=AL+LF+FD e, em consequência , 2AD=2AL+2FL+2FD=2(FD+FL+LA).
      Ora, por ser 2AD o semiperímetro do quadrado ABCD como o é CA+AF+FC (cf. 3.2), podemos escrever 2(r+FL+LA)=2(FD+FL+LA) o que equivale a r=FD
    2. De BA+AJ+JC=BC=AD=AL+LF+FDAJ=AL retira-se BA=AL=KF
    3. De FC=FK+KC, tiramos FK=FCr e de AC=AJ+JC, tiramos AJ=ACr e, em consequência, FA=FJ+JA=FCr+ACr=FC+AC2r e, concluindo, 2r=FC+CAAF que nos dá o valor do inraio r em função dos lados do triângulo ACF em que se inscreve o incírculo: r=FC+CAAF2 metade da semi-soma dos catetos subtraída da hipotenusa.
    4. Se tomarmos o ângulo AˆAB=DˆDF=α e para unidade de comprimento o lado do quadrado AB=1, tg(α)=BA=t . Temos AC=1t e BAAC=t1t.Quando tomamos DˆAF=π/4α ficamos com tg(π/4α)=1t1+t e CF=1FD=2t1+t e CFFD=2t1t

  1. Sangaku Optimization Problems:
    (All animations written by David Schultz in MAPLE (TM). Source code available upon request: davvu41111@mesacc.edu)
    Japanese Paper Folding Problem
    Problem Statement: When as square piece of paper of fixed side length is folded as shown in the figure, a circle is formed in the upper-left-hand corner which is tangent at three points to the paper. First show the red segment and the red radius are equivalent for all folds. Then determine where the paper should be folded in order to maximize the area of the circle.
    Adapted from: Japanese Temple Geometry Problems. Fukagawa, H. & Pedoe, D. The Charles Babbage Research Center, Winnipeg, 1989.
  2. A collection of 30 Sangaku Problems, de J. Marshall Unger, Ohhio State University.
  3. http://geometrias.eu/deposito/ORirABCO2a.html
    http://geometrias.blogspot.pt/2014/10/triangulos-retangulos-altura-e-inraios.html
  4. Robert Geretschläger. Folding Questions - A paper about Problems about Paper. WFNMC-6, Riga, Latvia: 2010
  5. Hiroshi Okumura. A Folded Square Sangaku Problem
  6. Hiroshi Okumura. A Note on HAGA's Theorems in Paper Folding. in Forum Geometricorum.Volume 14 (2014) 241-242
  7. Hidetoshi Fukagawa. Japanese Temple Geometry Problems. 1989.

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