Algumas notas sobre ângulos de curvas e ortogonalidade:
- Chamamos ângulo de duas circunferências que se intersetam ao ângulo das tangentes a cada uma delas no ponto de interseção.O ângulo num dos pontos de interseção é igual ao ângulo formado pelas tangentes no outro.
- Dizemos que as circunferências são ortogonais quando o ângulo das duas é um reto.
- Se o raio de uma circunferência tirada do centro para o ponto de interseção com outra, for tangente a esta no ponto de interseção, as circunferências são ortogonais.
- Se duas circunferências são ortogonais, o diâmetro de uma delas é cortado harmonicamente pela outra.
A construção, que se segue, pretende ilustrar
- a determinação do inverso de um ponto exterior P à circunferência de inversão, usando a construção da tangente tirada por P
- que a circunferência de centro em P e raio ¯PT é ortogonal à circunferência de inversão
- que o inverso X′ de um ponto X da circunferência ortogonal à circunferência de inversão é um ponto da circunferência ortogonal .
- Toma-se um ponto O e uma circunferência (a vermelho) que definem I(O,k) e toma-se um ponto genérico P do exterior da circunferência. Os pontos T de tangência à circunferência de inversão das tangentes tiradas por P são os vértices de triângulos retângulos OPT de hipotenusa [OP]: interseção da circunferência de inversão com uma circunferência de diâmetro [OP]. O inverso P′ de P por I(O,k) é o ponto de interseção da reta OP com a reta definida por esses pontos de tangência
De facto, da semelhança de triângulo [OPT]∼[OP′T], retângulos em P e em P′, tira-se ¯OP¯OT=¯OT¯OP′=¯TP¯TP′ e ¯OPׯOP′=¯OT2 Por ser ¯OT=r, ¯OPׯOP′=r2=k - [PT] é raio da circunferência centrada em P e que passa por T (castanha) ao mesmo tempo é tangente à circunferência de inversão (vermelha) no ponto de interseção. Isso basta para garantir que as circunferências são ortogonais.
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Lembramos que vamos trabalhar a seguir com segmentos orientados. Quando escrevemos AB é o mesmo que B−A, BA é A−B, AB=−BA, A−B=−(B−A), etc
Tome-se um ponto X da circunferência ortogonal à circunferência de inversão. OX contém um diâmetro [AB] da circunferência de inversão.Tome-se a reta que passa pelo centro O da circunferência de inversão que corta esta em A e B e a ortogonal em X e Y, Sabemos, por isso, terá de ser (AB,YX)=−1.
O inverso X′ de X foi determinado de modo a ser OX×OX′=r2=OB2. Y=X′?
(AB,YX)=AYBY/AXBX=−1⇔AYBY=−AXBX e, em consequência, por ser AY=AO+OY=OY−OA,BY=OB−OY,AX=AO+OX=OX−OA,BX=OX−OB, OY−OAOB−OY=−OX−OAOX−OB Como AO=−BO, fica OY+OBOB−OY=−OX+OBOX−OB⇔(OY+OB)×(OX−OB)=(OB−OY)×(OX+OB) OY×OX−OY×OB+OB×OX−OB2=OB×OX+OB2−OY×OX−OY×OB⇔ ⇔2×OY×OX=2×OB2 ou seja OY×OX=OB2 Y é inverso de X por I(O,k): X′=Y é o inverso de X e está sobre a circunferência de centro P e raio OT, ortogonal à circunferência de inversão.
Serve isto para demonstrar que uma circunferência ortogonal à circunferência de inversão tem por inversa ela própria, mas não ponto por ponto, como acontece com a circunferência de inversão em que cada ponto é inverso de si mesmo.
Howard Eves, Fundamentals of Modern Elementary Geometry . Jones and Bartlett Pub. Boston:1992
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