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11.10.13

Teorema de Feuerbach (nota sobre a circunferência de 9 pontos)

A circunferência de nove pontos (ou de Feuerbach) foi referida neste "lugar geométrico" muitas vezes. Antes da demonstração propriamente dita do chamado Teorema de Feuerbach (usando a inversão geométrica), estudamos a existência e unicidade (?) de tal circunferência para cada trângulo.

Circunferência de 9 pontos, Euler ou Feuerbach

Para um triângulo qualquer, de vértices A_i tomam-se os seguintes pontos: M_i,médios dos lados; H_i, pés das alturas; E_i, pontos médios dos segmentos das alturas entre o ortocentro e cada vértice. Prova-se que estes 9 pontos estão sobre uma circunferência de raio igual a metade do circunraio e centro no ponto médio entre circuncentro e ortocentro.

A.Martins, 10 outubro 2013, Criado com GeoGebra

Demonstração.:

    • Porque o triângulo A_2 H_3 S_3 é retângulo em H_3 e A_2 H_1 A_1 é retângulo em H_1, são iguais os ângulos \angle A_2 A_3 S_3 e \angle A_2 A_1 S_1 por serem complementares de A_1A_2A_3. E, por estarem inscritos no mesmo arco A_2 S_1, são iguais os ângulos \angle A_1 A_2 S_1 e \angle A_2 A_3 S_1 : \angle A_2 A_3 S_3 =\angle A_2 A_1 S_1= \angle A_2 A_3 S_1
    • Assim, são congruentes os triângulos retângulos em H_1 H H_1 A_3 e S_1 H_1 A_3 e, em consequência, H_1 é o ponto médio de H S_1
    • Do mesmo modo, se pode concluir que H_2 é o ponto médio de H S_2 e H_3 é o ponto médio de H S_3
    • ´
    • Consideremos agora o circundiâmetro A_1 T_1: T_1 A_3 \parallel A_2 H porque são ambas perpendiculares a A_1 A_3 e A_3 H \parallel T_1 A_2 porque são ambas perpendiculares a A_1 A_2.
    • Por isso, H A_2 T_1 A_3 é um paralelogramo cujas diagonais HT_1 e A_2 A_3 se bissetam. E o ponto M_1, médio de A_ 2 A_3, é também o ponto médio de H T_1
    • Do mesmo modo, se concluiria que M_2, médio de A_ 1 A_3, é também o ponto médio de H T_2 e que M_3, médio de A_ 1 A_2, é também o ponto médio de H T_1
    • A homotetia de centro H e razão 1 \over 2 transforma a circunferência azul na circunferência vermelha, já que a cada um dos 3 pontos S_i corresponde um dos pontos H_i (por 1.) e também a cada um dos pontos T_i corresponde um dos pontos M_i (por 2.)
    • Cada vértice A_i do triãngulo e da circunferência azul circunscrita, pela mesma homotetia, tem correspondente E_i incidente na circunferência vermelha e em H A_i. Porque a razão da homotetia é 1 \over 2, cada E_i é ponto médio de H A_i
    • Para concluir: pela mesma homotetia, o centro O é transformado num ponto N (centro da homotética vermelha) incidente em HO e seu ponto médio.
Ficou assim provado que para um triângulo qualquer, há uma circunferência que passa pelos 3 pontos médios dos lados, pelos 3 pés das alturas, e pelos 3 pontos médios dos segmentos das alturas entre o ortocentro e os respetivos vértices.
Esta circunferência é nomeada por circunferência dos 9 pontos (pelos anglófonos :-), de Euler (pelos francófonos :-) ou de Feuerbach (pelos germanófonos :-)

9.10.13

Determinar o lugar geométrico do segundo ponto de interseção das circunferências tangentes a duas, tangentes entre si, e que passam por um ponto do eixo radical destas duas circunferências dadas.




Levando em conta as duas últimas entradas, vamos determinar o lugar geométrico do segundo ponto de interseção das circunferências tangentes a duas, tangentes entre si, e que passam por um ponto do eixo radical destas duas circunferências dadas.
Na nossa construção, partimos de duas circunferências (O) e (P) tangentes em T. Tomamos o eixo radical (a negro) das duas circunferências que, neste caso, é a perpendicular a OP tirada por T que é a única reta tangente às duas circunferências no ponto T. E sobre o eixo radical, tomamos um ponto M qualquer. E determinamos, como feito na entrada de 7 de Outubro as circunferências que passam por M e são tangentes às circunferências (O) e (P) dadas.
Como se vê na figura abaixo, essas duas circunferências, determinadas com recurso à inversão I(T, TM^2), em comum têm dois pontos, para além de M, M', variando este quando M se desloca sobre o eixo radical.
Vamos determinar o lugar geométrico dos pontos M' quando M percorre o eixo radical.



As duas circunferências que passam por M e são tangentes às circunferências (O) e (P): uma delas (verde) é tangente a (O) em A e tangente a P em A'; a outra (azul topázio) é tangente a (O) em B e a (P) em B'. Referindo-nos aos resultados da entrada de 7 de Outubro p.p. sobre Inversão e Homotetia, sabemos que AA' e BB' passam pelo centro comum de homotetias várias definidas por pares de circunferências homotéticas tangentes duas a duas: uma (direta) que transforma (O) em (P) e outras, as que transformam (P) na circunferência verde (tangente), ou (O) na circunferência azul topázio (tangente)...
Como vimos então A e A' são tais que HA \times HA'= HT^2 Pela mesma razão, sendo M' o segundo ponto de interseção de HM com a circunferência verde (ou com a azul topázio), M e M' são tais que HM \times HM' = HT^2 Assim, uma circunferência que passe por M e M' e seja tangente a uma das (O) ou (P) é tangente à outra. M' é o segundo ponto de interseção das circunferências que passam por M e são tangentes a (O) e a (P).
E de HM \times HM' = HT^2 também se retira que, pela inversão I(H, HT^2), aos pontos M do eixo radical correspondem os pontos M', ou seja, os pontos M' encontram-se sobre a circunferência inversa do eixo radical das circunferências (O) e (P), que tem como diâmetro TH. \hspace{1cm} \square
Th. Caronnet, Éxercices de Géométrie, Vuibert. Paris:1947
Howard Eves, Fundamentals of Modern Elementary Geometry . Jones and Bartlett Pub. Boston:1992