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20.11.14

Soma invariante na triangulação de polígonos inscritíveis (I)


Consideremos um quadrilátero convexo \;[ABCD]\; inscrito numa circunferência dada. Cada uma das suas diagonais divide o quadrilátero em dois triângulos diferentes tendo a respetiva diagonal por lado comum. Dizemos por isso que um quadrilátero admite duas triangulações diferentes: divisão em \;[ABC]\; e \;[ACD]\; pela diagonal \;AC;\; e em \;[ABD]\; e \;[BCD]\; pela diagonal \;BD\;.
Um dos "sangakus" mais famosos relaciona as duas triangulações de um quadrilátero convexo inscrito numa circunferência. Assim:

A soma dos raios das circunferências inscritas nos triângulos de cada triangulação de um quadrilátero inscrito é igual para as duas triangulações

© geometrias, 16 de Novembro de 2014, Criado com GeoGebra





Lembramos que
  • Os ângulos opostos de um quadrilátero inscrito numa circunferência são suplementares. Consideremos um caso semelhante ao da figura acima em que são agudos os ângulos dos vértices \;A\; e \;B\; e, em consequência, os respetivos suplementares \;C\; e \;D\; são obtusos.
  • O produto das diagonais de um quadrilátero inscrito numa circunferência é igual à soma dos produtos de lados opostos: \; AC \times BD = AB \times CD + BC \times CD \; - teorema de Ptolomeu - aplicado ao quadrilátero da figura acima.
  1. Na figura dinâmica que se segue, mostra-se o triângulo acutângulo \;ABC \;, o seu incírculo \;(I, i)\; e as distâncias do circuncentro \;O\; do triângulo aos seus lados: \;OM = m\; - altura do triângulo \;OBC,\;tirada de \;O\; para \;BC =a; \; \; ON =n\; - altura do triângulo \;OCA\; tirada de \;O\; para \;CA =b;\; e \;OP\; - altura de \; OAB tirada de \;O\; para \;AB =c. \; Lembra-se que como \;OM \perp BC\;, sendo \;BC\; corda da circunferência \; (O), \; é \; BM=MC
    \; \Delta[OBC] + \Delta[OCA] + \Delta[OAB] = \Delta [ABC] que que multiplicada por 2, dá \;m \times a + n \times b + p \times c = (a+b+c) \times i


  2. © geometrias, 19 de Novembro de 2014, Criado com GeoGebra


    Use os botões \square \; ACIJ\; e \square \; BDKL\; para mostrar ou esconder cada uma das partes da construção para acompanhar o texto da prova .

  3. Cada um dos quadriláteros \;[OMCN], \;[ONAP], \; [OPBM] \; é inscritível, já que cada um deles tem dois ângulos opostos retos (suplementares portanto) e, consequentemente, os outros dois opostos também são suplementares. Por isso, chamando \;R=OA=OB=OC=OD\; ao circunraio, aos lados \;a=BC, \;b=AC, \;c=AB,\; e ás alturas respetivas dos triângulos \;OBC, \; OCA, \;OAB\; respetivamente m=OM ,\; n=ON , \; p=OP,\; e, por ser NP =\frac{a}{2}, \; MN =\frac{b}{2}, \; MP=\frac{c}{2}, \; podemos escrever (com recurso ao teorema de Ptolomeu, aplicado a cada um desses quadriláteros em que \;[ABC]\; se decompõe, \;[OMCN]: \; R\times \frac{c}{2} =m \times \frac{b}{2} + n\times \frac{a}{2} multiplicando por 2, equivalente a R\times c= m \times b + n \times a e, do mesmo modo para \;[ONAP]\; R\times a =n \times c + p \times b e para \;[OPBM] :\; \; R\times b =p \times a + m \times c E, somando \; (a+b+c) \times i= m \times a + n \times b + p \times c com as últimas três, obtemos R\times (a+b+c) +(a+b+c)\times i = a(m+n+p) +b(m+n+p) +c(m+n+p) (a+b+c)(R+i) = (a+b+c)(m+n+p) ou seja
    R+i = m+n+p= OM + ON + OP\;\;\;\; \square - Teorema de Carnot para triângulos acutângulos


    1. Para o triângulo \;CDA\; em que \;D\; é vértice de um ângulo obtuso e o circuncentro está no seu exterior, podemos fazer um raciocínio análogo, levando em conta que a soma das áreas dos triângulos \;ODC\; e \;ODA\; excedem a área de \;CDA\; numa área igual à do triângulo \;OCA.\;
      Assim no caso de um triângulo \;CDA\; inscrito e sendo \;D\; obtuso \Delta [CDA] = \Delta [OCD] + \Delta [ODA] - \Delta [OCA] de onde podemos retirar (AC+CD+DA) \times j = CD \times OQ + AD\times OR + AC \times (-ON)
    2. Por outro lado, o teorema de Ptolomeu aplicado aos três quadriláteros inscritíveis \;[OQDS], \;[OSAN], \; [ONCQ], \; dá-nos R \times (AC + CD + DA) =O\times DA + DC \times OS + OS \times AC + AD \times ON + ON\times CD + OQ \times CA e somando esta última, membro a membro, com \; (AC+CD+DA) \times j = CD \times OQ + DA\times OS +AC \times (-ON ) , R \times (AC+CD+ DA) + (AC+CD+DA) \times j= \\= OQ \times ( AC+CD+DA) + OS \times (AC+DC+DA) - ON \times (AC+CD+DA) =\\= (OQ+OS-ON) \times ( AC+CD+DA) R+j =q+s-n= OQ+OS-ON ;\;\;\; \square - Teorema de Carnot para triângulos obtusângulos


    Finalmente, podemos escrever 2R+i+j=m+p+q+s = OM+OP+OQ+OS \;\mbox{ou} \; i+j= OM+OP+OQ+OS - 2R
  4. E repetindo o raciocínio para a outra triangulação de \;ABCD\; em que este quadrilátero é dividido pela diagonal \;BD\; nos triângulos \;ABD\; (de incentro \;K\; e inraio \;k\;) e \;BCD\; (de incírculo \;(L, \; l)\;), podemos escrever que R+k= OP+OT+OS=p+t+s R+l=OM+OQ-OT = m+q-t e finalmente 2R+k+l= OM+OP+OQ+OS \;\mbox{ou} \; k+l= OM+OP+OQ+OS - 2R
  5. i+j=k+l \;\;\;\;\; \;\;\;\;\; \square como queríamos provar.





(sugestões de António Aurélio Fernandes)

29.8.14

Posições de 3 circunferências tangentes entre si e tangentes a uma reta dada


Problema: Dada uma reta \;a\; construir três circunferências tangentes à reta dada e tangentes duas a duas de que se conhecem os raios \;r_1, \;r_2\; de duas delas.


Os passos da construção podem ser vistos, fazendo variar os valores \;n\; no cursor \; \fbox{n=1, 2, …, 6}
  1. \fbox{n=1}:\; Apresenta-se a reta \;a\; e segmentos \;r_1, \;r_2\; de comprimentos iguais aos raios de duas circunferências \;(O_1, \;r_1), \;(O_2, \;r_2).\;
  2. \fbox{n=2}:\; Tomamos a circunferência inscrita em \;(O_1, \;r_1)\; para a qual \;T_1\; é um ponto de \;a :\; O_1T_1 \;\perp\; a \;\wedge\; O_1T_1 =r_1.\;
  3. \fbox{n=3}:\; Para construir \;(O_2, \;r_2)\; nas condições requeridas temos de determinar os pontos \;O_2, \; T_2\; tais que \;T_2 \in a, T_2O_2\; \perp \;a, \; T_2O_2=r_2, \;O_1O_2=r_1+r_2\;
    Analisando o problema resolvido, a posição de \;T_2\; sobre \;a\; relativamente a \;T_1\; é dada por \;T_1T_2 = 2 \sqrt{r_1r_2}\;
    Nota: \;\sqrt{r_1r_2}\; é determinado como altura de triângulo retângulo inscrito numa semicircunferência de diâmetro \;r_1+r_2\; por ela dividido nos comprimentos - parcelas).
  4. \fbox{n=4}:\; Esse resultado está bem ilustrado na figura. Recorrendo a um triângulo \;O_1PO_2\; retângulo em \;P\;, para o qual um dos catetos é \;O_1P = |r_1-r_2|\; e a hipotenusa é \;O_1O_2 = r_1+r_2\;, o outro cateto é \;O_2P = T_1T_2.\;
    E assim, pelo Teorema de Pitágoras aplicado a \;O_1PO_2\;, \;T_1T_2 ^2 = (r_1+r_2)^2 - (r_1-r_2)^2= 4r_1r_2\;, e finalmente \;T_1T_2 =2\times \displaystyle \sqrt{r_1r_2}.\; Fica assim determinada a posição da circunferência \;(O_2, \;r_2)\; tangente a \;a\; e a \;(O_1, \;r_1).\;

  5. © geometrias, 29 de Agosto de 2014, Criado com GeoGebra


  6. \fbox{n=5}:\;\; Para determinar a posição do ponto de tangência a \;a\; - \;T_3\; e raio \;r_3\; de uma circunferência \;( O_3, \;r_3),\;, usamos os resultados anteriores agora aplicados aos pares de circunferências \;\left(( O_1, \;r_1), \;( O_3, \;r_3)\right)\; e \;\left(( O_2, \;r_2), \;( O_3, \;r_3)\right)\;:
    \;T_1T_3 = 2\sqrt{r_1r_3}, \;T_2T_3 = 2\sqrt{r_2r_3}.\;
    Como terá de ser \;T_1T_2 = T_1T_3 + T_3T_2,\; \;2\sqrt{r_1r_2}=2\sqrt{r_1r_3} + 2\sqrt{r_2r_3}, equivalente a \;\sqrt{r_1r_2}=\sqrt{r_3}(\sqrt{r_1} + \sqrt{r_2}), por sua vez equivalente a \frac{1}{\sqrt{r_3}} =\frac{1}{\sqrt{r_1}} + \frac{1}{\sqrt{r_2}} que nos permitem a determinação de segmento de comprimento \;\sqrt{r_3} \;.
    Na nossa construção, usamos a construção de \;\sqrt{r}\; como altura do triângulo retângulo de hipotenusa \;r+1\; por ela dividida nestas suas parcelas, e recorremos à inversão (já muitas vezes aplicada na resolução de problemas de construção neste "lugar geométrico")
    Nota: O que fazemos para obter \;r_3\; após termos obtido \;\sqrt{r_3}\;? Tomamos um segmento de comprimento 1 sobre uma reta à distância \;\sqrt{r_3}\;. Tiramos por um dos extremos do segmento unitário uma perpendicular a este e marcamos a interseção com a paralela. Tomamos para cateto de um triângulo retângulo o segmento que une esta interseção com o outro extremo do segmento unitário. A reta perpendicular a este cateto vai intersetar a reta do segmento unitário num ponto à distância \;r_3\; do extremo da altura do triângulo de hipotenusa \;1+\sqrt{r_3}\;
  7. \fbox{n=6}:\;\; O centro \;O_3\;pode ser obtido como interseção das circunferências \;(O_1, \;r_1+r_3)\; e\;(O_2, \;r_2+r_3)\;. E a terceira circunferência da solução do problema inicial está bem determinado (com régua e compasso)