10.3.13

Circunferências ortogonais: notas marginais para poder continuar

Considere-se a construção que se segue (parte esquerda) em que se têm duas circunferências, c1 (verde) de centro O1 e c2 (cinza) de centro O2. A polar ST (vermelha) de O1 pela polaridade induzida por c2 é a polar de O2 pela polaridade induzida por c1. Sempre que se verificam estas relações entre duas circunferências, dizemos que elas se cortam ortogonalmente ou são ortogonais.

Por favor habilite Java para uma construção interativa (com Cinderella).
Na parte esquerda da construção, temos as duas circunferências e temos desenhadas as tangentes a c2 tiradas por O1 e as tangentes a c1 tiradas por O2. Lembremos noções, propriedades e resultados estudados na geometria elementar euclidiana:
  1. Da circunferência c1, O1T=O1S=r1, O1ST é isósceles. Do mesmo modo, O2ST é isósceles. O1O2 e ST, diagonais do papagaio (deltóide), são mediatrizes uma da outra. O1O2 e ST são perpendiculares (ortogonais, normais)
  2. Cada tangente à circunferência é perpendicular ao raio (reta que passa pelo centro da circunferência e pelo seu ponto de tangência). E, em consequência: O1TO2 = O2TO1 é um reto. Fica assim esclarecido a designação de ortogonais para as circunferências: O1T O2T é normal a O1T.
  3. Na construção acima, ainda fica ilustrado o facto de o diâmetro de uma de duas circunferências ortogonais ser cortado pelas duas circunferências em pares de pontos separados harmonicamente: o diâmetro CD de c2 corta c1 em {Å, B}: (A,B;C, D)=-1 (confirmado pelo quadrilátero, cor violeta na construção). Reciprocamente, se uma circunferência passa pelos pontos A, B conjugados harmónicos de outros C, D, então ela é ortogonal à circunferência de diâmetro CD.
Na parte direita da construção temos uma circunferência de centro O e P e Q conjugados relativamente a ela. Tendo em atenção as anteriores propriedades, poderá verificar que:
  1. Se P e Q são conjugados relativamente a uma circunferência de centro O, a circunferência de diâmetro PQ (centro O') é ortogonal à circunferência de centro O.
    Se Q é conjugado de P pela polaridade induzida pela circunferência de centro O, então Q está sobre a polar p de P. Como PO é uma reta que contém um diâmetro da circunferência de centro O é perpendicular à polar p de P. Se chamarmos A à interseção de p com PO, a circunferência de diâmetro PQ passa por A. Chamando B e C às interseções de PO com a circunferência de centro em O, sabemos que P e A separam harmonicamente os pontos B e C, por A estar sobre a polar de P e a circunferência de centro O' (diâmetro PQ) é ortogonal à circunferência de centro O.
  2. E, reciprocamente, Se duas circunferências (de centros O e O') são ortogonais, pontos P e Q diametralmente opostos de uma delas são conjugados relativamente à polaridade induzida pela outra.
    Tracemos um diâmetro PQ da circunferência de centro O' e unamos P com O, centro da outra. Por serem ortogonais, o quaterno (PABC) é harmónico e, em consequência, A pertence à polar p de P relativamente à circunferência de centro O e como PAQ é retângulo em A (já que PQ é um diâmetro), QA é perpendicular a PO e passa por A, logo p=AQ é a polar de P e, por isso, Q é conjugado de P relativamente à polaridade induzida pela circunferência de centro O.


F. I. Asensi, Geometria Descriptiva Superior y Aplicada. Editorial Dosssat, S.A. Madrid:1980

5.3.13

Circunferência e elipse homológica: outra construção

Tomemos uma circunferência de centro K e consideramos uma homologia de que damos o centro O, o eixo e, a reta limite l, elementos bastantes para a definir. Tomamos um ponto da reta limite, L1, de tal modo que a reta L1K interseta a circunferência em pontos A e B tais que AB é a polar de L. A polar de L1 é a reta CD ou as tangentes dà circunferência tiradas por L1 têm C e D por pontos de tangência ou o ponto C é o polo de L1C e o ponto D é o polo de L1C (C é um ponto autoconjugado, pertence à sua polar L1C). O outro ponto sobre l que nos interessa é o ponto CD.l que designamos por L (CD//l) e que tem por polar a reta CD. O ponto P obtido como interseção de AB com CD é assim o polo de l=L1L. Podemos dizer que o triângulo auto-polar é L1LP:
L1L de polo P, PL1 de polo L e PL de polo L1
A construção serve ainda para ver que como as diagonais do trapézio circunscrito à circunferência se intersetam em P, as suas homólogas intersetam-se em P' (no caso, centro da elipse), etc

Por favor habilite Java para uma construção interativa (com Cinderella).

O trapézio tem dois lados paralelos a l (e ao eixo e) e o paralelogramo homólogo também...

F. I. Asensi, Geometria Descriptiva Superior y Aplicada. Editorial Dosssat, S.A. Madrid:1980
Richter-Gebert. Perspectives on Projective Geometry. Springer. Berlin:2011
H. S. M. Coxeter, Projective Geometry, Springer. NY:1994
C.F. Klein, Elementary Mathematics from an advanced standpoint - Geometry Dover Publications, inc. New York:2004