10.6.12

Teorema de Chasles


Uma polaridade é uma correlação que transforma um ponto A numa reta a' e transforma esta em A, preservando a incidência.
Dado um triângulo qualquer de vértices A,B,C e lados a=BC, b=AC e c=AB, podemos obter um novo triângulo (polar do anterior) em que a', b' e c' sejam as polares de A, B, C respetivamente (ou em que A', B' e C' sejam os polos de a, b e c respetivamente).
É claro que, sendo A→a'→A; B→b'→B e C→c'→C; A'B'C'→ABC e a'b'c' →abc são projetividades.

Chasles demonstrou que se ABC e a'b'c' são triângulos distintos e polares um do outro, então são perspetivos.
Dito de outro modo, se as polares a',b', c' dos vértices de um triângulo ABC não coincidem com os seus lados opostos a, b, c, então a.a', b.b', c.c' são pontos colineares.

[A.A.M.]
Seja ABC um triângulo de lados BC=a, AC=b e AC=c. E sejam a', b' e c' as polares de A, B e C. Se a' distinta de a, b' distinta de b e c' distinta de c, estes pares de retas intersetam-se: A1=a.a', B1=b.b' e C1=c.c' Podemos determinar as polares destes pontos, só considerando a incidência preservada. Por exemplo, como C1=c.c'=AB.c', a polar de C1 é (a'.b')C=r.
Para o ponto P=c.b'=AB.b' a sua polar é (a'.b')B=p. Consideremos ainda o ponto a.b'=BC.b'=R. Como já vimos, há uma projetividade que transforma qualquer pontual C1APB em AC1BP e, pela polaridade, AC1BP transforma-se em a'rb'p que, por sua vez, se transforma em A1CRB (secção do feixe a'rb'p pela reta a).
Como a projetividade C1APB → A1CRB tem um ponto invariante B, a projetividade C1AP→A1CR é uma perspetividade. O centro da perspetividade B1 = AC.PR e, por isso, A1C1 incide em B1. Fica assim provado que A1, B1 e C1 são colineares.
Isto não funciona se A1 ou B incidirem em b'.

3.6.12

Determinação da polar de um ponto X em (ABC)(Pp)


Na anterior entrada provou-se a polaridade (ABC)(Pp) em que ABC é um triângulo autopolar e em que p é uma reta que não passa por P nem por A, B ou C. Vamos determinar a polar de um ponto X qualquer não incidente em c nem em CPc\{P}. Sejam A→a, B→b,C→c, P→ p os pares que definem a polaridade. A partir de P, determinámos Pa=a.AP, Pb=b.BP e Pc=c.CP. De modo análogo, a partir de X, determinamos Xa=a.AX, Xb=b.BX, Xc=c.CX. Sendo p a polar de P, determinámos Ap=a.p, Bp=b.p e Cp=c.p.
Para determinar a polar de X pela polaridade (ABC)(Pp), temos de determinar dois dos seus pontos Ax=a.x, Bx=b.x e Cx=c.x, pelas projetividades (BC)(PaAp), (AC)(PbBp) e (AB)(PcCp) aplicadas respetivamente a Xa, Xb e Xc. Determinamos x=AxBx.

[A.A.M.]
A construção apresenta a determinação de dois deles, Bx e Ax, descrevendo a construção de Bx.
Pela projetividade (AC)(BpPb), determinar Bx como transformada de Xb :
a) A projetividade (AC)(BpPb) é tal que A→C →A e Bp→Pb→Bp que pode ser descrita como uma sequência de perspetividades, de centros Q, A e R assinalados na "figura" dinâmica. Tomamos um ponto R qualquer não incidente na reta b=AC e as retas AR, CR, BpR. Em seguida tomamos uma reta que corta AR em T, BpR em W e CR em Q. E finalmente a reta AQ que corta BpR em Z.
ACBpPbQZRBpW→AQTPbW→RCAPbBp

b) Para determinar Bx como imagem de Xb por (AC)(BpPb), sobre a construção desta tomamos a reta XbT e a reta CW que se intersetam em G. A reta RG interseta b em Bx. Chamamos E a CG.RA e a XbT.CR chamamos F.
Confirmemos a projetividade (PbBp)(XbBx).
Para isso, traçamos a reta XbW que interseta RPb em F e RBx em Y e tomamos o ponto RBx.PbW=P0
PbBpXbBxWP0RYBxPbWFYXbRBpPbBxXb

Do mesmo modo, se procedeu para determinar Ax e se procederia para verificar que (XaAx)(PaAp).
A polar de X é assim obtida x=AxBx.
Pode deslocar o ponto X, bem como outros, para verificar que esta construção não falha para X a coincidir com P, a incidir em AP ou em BP, mas falha para pontos X≠P sobre CP e sobre c=AB. Apresentaremos um processo geral para determinar a polar de um ponto X na polaridade (ABC)(Pp) em que p é a polar de P não incidente em P.