Processing math: 100%

30.9.13

Arbelos: Teorema de Pappus - demonstração usando inversão


Na entrada anterior, referimos um Teorema de Pappus relativo à chamada cadeia de Pappus, sequência de circunferências tangentes a duas circunferências dadas e cada uma delas tangente à que a precede e à que a sucede.
Na nossa construção, partimos de 3 pontos colineares X, Y, Z, e das circunferências de diâmetros XZ, XY e YZ. A circunferência de centro O_0 é a circunferência de diâmetro YZ, seguida das circunferências de centros O_1, O_2, O_3, \ldots O_n \ldots \; \; da cadeia.
O enunciado do Teorema de Pappus pode enunciar-se assim:
Sejam X, Y e Z três pontos colineares tais que Y está entre X e Z e sejam as circunferências (na figura a violeta, amarelo torrado e azul topázio) de diâmetros XZ, XY, YZ. Os círculos c_1, c_2, c_3, \ldots, c_n \ldots \;\; todos tangentes às semicircunferências violeta e amarelo torrado, com c_1 tangente ainda à semicircunferência azul topázio c_0 e à circunferência c_2; c_3 tangente a c_2 e c_4, etc, ... c_n tangente a c_{n-1} e a c_{n+1}. Se designarmos por r_n o raio de c_n e por h_n a distância de O_n a XZ , então
h_n=2nr_n
Na figura destacámos a negro c_2 para ilustrar este resultado para o qual h_2= 2\times 2 \times r_2.

fotografia de construção *.cdy a ser substituída por construção interactiva *.ggb, logo que possível

A demonstração, com recurso à inversão, é feita com toda a generalidade.
  1. Consideremos a inversão relativa à circunferência de centro X e raio t_n em que t_n é o comprimento da tangente a c_n tirada por X (no caso da nossa ilustração: circunferência de centro X e raio t_2 em que t_2 =XT_2 sendo T_2 o ponto de tangência da tangente a c_2 tirada por X ).
  2. Fazemos isso, porque XT_n é perpendicular a O_nT_n, sendo XT_n tangente a c_n e O_nT_n tangente à circunferência de inversão e, por isso, c_n ser ortogonal à circunferência de inversão. As circunferências ortogonais à circunferência de inversão são inversas de si mesmas.
    Pela inversão I(X, t_n ^2) a inversa de c_n é c_n.
  3. As inversas das circunferências de diâmetros XZ e XY são retas, já que elas passam por X, centro da inversão. Estas retas ficam definida pelos pontos de interseção dessas circunferências com a circunferência de inversão.
  4. A inversa da circunferência de centro O_0 (diâmetro YZ) é uma circunferência tangente às duas retas, determinadas como inversas das circunferências de diâmetros XZ e XY de centro K_n colinear com X, Y, Z e O_0(no caso da nossa ilustração, trata-se da circunferência de centro K_2 e raio=O_2T_2). Tanto O_n como K_n estão sobre perpendicular equidistante das retas correspondentes, pela inversão, às circunferências de diâmetros XZ e XY e por isso os seus raios são iguais a O_nT_n.
  5. O raciocínio feito para a inversa de c_0 serve para as circunferências c_1, c_2, c_{n-1} que são tangentes às duas circunferências originais, tendo inversas c'_i, \;\; 0\leq i\leq n tangentes a essas retas obtidas como inversas das originais. Todas essas inversas têm o mesmo raio O_nT_n.
  6. Para além de serem tangentes a essas retas inversas cada uma delas c'_i deve ser tangente a c_{i-1} e a c_{i+1}. No caso da nossa ilustração c'_1 é tangente a c'_0 e a c'_2=c_2 e, por isso, h_2 ou O_2K_2 é igual à soma de um raio de c'_0 + 2 raios de c'_1 + 1 raio de c'_2, no total 4r_2
  7. Para d_n, teremos 1 r_n para c'0 e outro para c'_n = c_n para além de 2(n-1) r_n correspondentes aos diâmetros de n-1 circunferências iguais a c_n, c'_i, \; \; 1\leq i\leq n-1: 2+2(n-1).r_n= 2nr_n=d_n \hspace{1cm} \square

Howard Eves, Fundamentals of Modern Elementary Geometry . Jones and Bartlett Pub. Boston:1992

27.9.13

Construir uma cadeia de Pappus usando uma inversão


Antes da demonstração do teorema de Pappus, sobre uma propriedade da cadeia de Pappus (arbelos, faca de sapateiro), publicamos uma construção da cadeia de Pappus, recorrendo à inversão, proposta por Mariana Sacchetti.
Na nossa construção, partimos de um segmento XZ, a ser percorrido por um ponto Y, circunferências de diâmetros XZ, XY e XZ. Depois determinamos, com a ajuda de uma inversão, as circunferências da cadeia, tangentes às referidas de diâmetros XZ e XY e cada uma delas tangente ainda a duas da cadeia.


Para construir a cadeia, Mariana propôe uma inversão relativa a uma circunferência com centro em X e raio XZ.
Por essa inversão, I(X,XZ^2), as inversas das circunferências de diâmetros XZ e XY que passam pelo centro X de inversão, são retas. A inversa da circunferência de diâmetro XZ tem o ponto Z sobre a circunferência de inversão e, por isso, passa por Z.
Assim, as circunferências da cadeia têm inversas tangentes às inversas das cirucnferências de partida. Como cada uma delas temm ainda de ser tangente a duas outras da cadeira, as suas inveersas empilham-se entre as retas inversas das circunferências de partida, cada uma tangente a essas retas e tangentes às vizinhas, como bem ilustra a construção.
As circunferências da cadeia são obtidas por inversão, I(X, XZ^2), aplicada às circunferências da pilha sequencial entre retas.