Na entrada anterior, referimos um Teorema de Pappus relativo à chamada cadeia de Pappus, sequência de circunferências tangentes a duas circunferências dadas e cada uma delas tangente à que a precede e à que a sucede.
Na nossa construção, partimos de 3 pontos colineares X, Y, Z, e das circunferências de diâmetros XZ, XY e YZ. A circunferência de centro O_0 é a circunferência de diâmetro YZ, seguida das circunferências de centros O_1, O_2, O_3, \ldots O_n \ldots \; \; da cadeia.
O enunciado do Teorema de Pappus pode enunciar-se assim:
Sejam X, Y e Z três pontos colineares tais que Y está entre X e Z e sejam as circunferências (na figura a violeta, amarelo torrado e azul topázio) de diâmetros XZ, XY, YZ. Os círculos c_1, c_2, c_3, \ldots, c_n \ldots \;\; todos tangentes às semicircunferências violeta e amarelo torrado, com c_1 tangente ainda à semicircunferência azul topázio c_0 e à circunferência c_2; c_3 tangente a c_2 e c_4, etc, ... c_n tangente a c_{n-1} e a c_{n+1}. Se designarmos por r_n o raio de c_n e por h_n a distância de O_n a XZ , então
h_n=2nr_n Na figura destacámos a negro c_2 para ilustrar este resultado para o qual h_2= 2\times 2 \times r_2.
fotografia de construção *.cdy a ser substituída por construção interactiva *.ggb, logo que possível
A demonstração, com recurso à inversão, é feita com toda a generalidade.
- Consideremos a inversão relativa à circunferência de centro X e raio t_n em que t_n é o comprimento da tangente a c_n tirada por X (no caso da nossa ilustração: circunferência de centro X e raio t_2 em que t_2 =XT_2 sendo T_2 o ponto de tangência da tangente a c_2 tirada por X ).
-
Fazemos isso, porque XT_n é perpendicular a O_nT_n, sendo XT_n tangente a c_n e O_nT_n tangente à circunferência de inversão e, por isso, c_n ser ortogonal à circunferência de inversão. As circunferências ortogonais à circunferência de inversão são inversas de si mesmas.
Pela inversão I(X, t_n ^2) a inversa de c_n é c_n. - As inversas das circunferências de diâmetros XZ e XY são retas, já que elas passam por X, centro da inversão. Estas retas ficam definida pelos pontos de interseção dessas circunferências com a circunferência de inversão.
- A inversa da circunferência de centro O_0 (diâmetro YZ) é uma circunferência tangente às duas retas, determinadas como inversas das circunferências de diâmetros XZ e XY de centro K_n colinear com X, Y, Z e O_0(no caso da nossa ilustração, trata-se da circunferência de centro K_2 e raio=O_2T_2). Tanto O_n como K_n estão sobre perpendicular equidistante das retas correspondentes, pela inversão, às circunferências de diâmetros XZ e XY e por isso os seus raios são iguais a O_nT_n.
- O raciocínio feito para a inversa de c_0 serve para as circunferências c_1, c_2, c_{n-1} que são tangentes às duas circunferências originais, tendo inversas c'_i, \;\; 0\leq i\leq n tangentes a essas retas obtidas como inversas das originais. Todas essas inversas têm o mesmo raio O_nT_n.
- Para além de serem tangentes a essas retas inversas cada uma delas c'_i deve ser tangente a c_{i-1} e a c_{i+1}. No caso da nossa ilustração c'_1 é tangente a c'_0 e a c'_2=c_2 e, por isso, h_2 ou O_2K_2 é igual à soma de um raio de c'_0 + 2 raios de c'_1 + 1 raio de c'_2, no total 4r_2
- Para d_n, teremos 1 r_n para c'0 e outro para c'_n = c_n para além de 2(n-1) r_n correspondentes aos diâmetros de n-1 circunferências iguais a c_n, c'_i, \; \; 1\leq i\leq n-1: 2+2(n-1).r_n= 2nr_n=d_n \hspace{1cm} \square
Howard Eves, Fundamentals of Modern Elementary Geometry . Jones and Bartlett Pub. Boston:1992