Temos vindo a utilizar a inversão em várias ocasiões. Muitas vezes para resolver problemas em que a passagem de circunferências para retas ou viceversa ajuda a encontrar as soluções.De passagem, já nos referimos várias vezes à definição e a propriedades da inversão e a métodos geométricos de encontrar o inverso de ponto, reta ou círcunferência, caso a caso, e, em várias ilustrações, já recorremos ao modo de transformação (ou macros) do Cinderella ou do Geogebra. Não nos preocupámos com o domínio da inversão como transformação, embora tenhamos tido alguns cuidados e referido restrições, em especial, para as construções só com compasso (ou só com circunferências).
Voltemos à definição.
Se P não é o centro O de uma dada circunferência de raio r, o inverso de P em, ou relativamente a essa circunferência, é um ponto P′ da reta OP tal que ¯OPׯOP′=r2.
À circunferência de centro O e raio r chama-se circunferência de inversão, ao ponto O chama-se centro de inversão, a r chama-se raio de inversão e a r2 chama-se potência de inversão. Para a inversão de centro O e potência k>0 usamos a notação I(O,k).
Desta definição de I(O,r), decorre que a cada ponto P do plano, distinto de O, corresponde um único inverso P′ e que, se P′ é o inverso de P também P é o inverso de P′. Como não há correspondente do centro O de inversão, I(O,r) não é uma transformação do conjunto de todos os pontos do plano em si mesmo.
Também é verdade que fica estabelecida uma correspondência, um a um, entre os pontos do interior da circunferência (distintos de O) e os pontos do exterior da circunferência de inversão; que cada ponto da circunferência de inversão é inverso de si mesmo e que o conjunto dos pontos (distintos de O) de uma reta que passe por O é imagem de si mesmo (no seu todo e não ponto a ponto, só os pontos da circunferência são inversos de si mesmos).
A construção que se segue, da inversão I(O,9), pretende ilustrar isso mesmo. Pode deslocar P, assumindo qualquer posição do plano para acompanhar o que acontece nas diferentes posições.
Nesta construção, determinamos os inversos dos pontos P por I(O,9), com recurso ao teorema de Thales (ou a triângulos semelhantes)
- Começámos por tomar a reta OP que interseta a circunferência em A — ¯OA=3
- Tiramos pelo ponto O uma outra reta qualquer, distinta de OP, e chamámos B ao seu ponto sobre a circunferência de inversão — ¯OB=3
- Traçada a reta PB, por A tirámos uma paralela a PB e chamámos C à interseção desta com OB. Resulta, da semelhança dos triângulos [OPB] e [OAC], ¯OP¯OB=¯OA¯OCou¯OPׯOC=¯OAׯOB=9.
- P′ será o ponto de OP tal que ¯OP′=¯OC
Howard Eves, Fundamentals of Modern Elementary Geometry . Jones and Bartlett Pub. Boston:1992