1.12.12

A circunferência é uma cónica :-)

Em termos de geometria projetiva, definimos cónica como lugar geométrico dos pontos auto-conjugados para uma dada polaridade ou como o lugar geométrico dos pontos de intersecção de retas correspondentes de dois feixes projetivos não perspetivos.
Interessante é responder à pergunta: Uma qualquer das cónicas que definimos euclideanamente, com recurso a distâncias, será uma cónica projetivamente falando? Será uma circunferência euclideana uma cónica projetivamente falando?
N construção que se segue, está desenhada uma circunferência em que APBQC são vértices consecutivos de um hexágono regular nela inscrito.
É claro que AQ.PC=R (centro da circunferência considerada), AB é mediana do triângulo equilátero APR e BC é mediana de CQR. Tomamos também um diâmetro variável (a verde) que interseta AB em M e BC em N. E tomamos PM.QN=X (variável com o diâmetro MN)


Na construção dinâmica em Cinderella, lia-se:
Pode deslocar X movimentando o diâmetro verde.
Pode controlar a animação do diâmetro (e de X)
nos botões do controlador à esquerda.

------ construção dinâmica com Geogebra ------

  1. Euclideanamente falando:

    Por PQR ser um triângulo equilátero, AB é mediatriz de PR (PM=MR) e também é bissetriz de PAR (BAP=BAR). Daí, para ângulos, podermos concluir que XPA=MPA=ARM. Ora ARM=QRN e, por razões análogas às consideradas para o triângulo APR, NQR=NRQ. Podemos, assim, concluir que XPA=XQA. sendo P e Q pontos da circunferência dada, para além de A e C (proposição 21 do livro 3 dos Elementos) Do triângulo isósceles PMR, o ângulo externo XMN=2(60º-APX)=120º-2.APX. E como o ângulo externo XNM do triângulo isósceles QRN é 2.APX, o ângulo MXN é 60º (120-2APX+2APX+MXN= 120+MXN=180º, MXN=60º) Do quadrilátero XPBQ em que PBQ são pontos da circunferência, sabemos agora que o ângulo X=60º se opôe ao ângulo PBQ=120º e XPB=120-APX enquanto o seu oposto XQB=60º+APX, ou seja, é um quadrângulo em que os ângulos opostos somam 2 retos e 3 dos seus vértices estão sobre uma dada circunferência (proposição 22 do livro 3 dos Elementos). E, assim, podemos concluir que, pela definição euclideana o lugar geométrico dos pontos X é a circunferência que passa pelos pontos A,P, B, Q.
  2. Projetivamente falando:
    Com o diâmetro variável, o conjunto das retas PM constituem um feixe centrado em P e, do mesmo modo, as retas QN constituem um feixe de retas centrado em Q. Estes dois feixes são projetivos não perspetivos ( verifique que quando PM=PA, é QN=QA e X=A; quando PM=PC, é QN=CQ, X=B=N; etc (construção de Braikenbridge-Mclaurin), isto é, os pontos de intersecção das retas correspondentes pela projetividade que os associa determina uma cónica única que passa pelos pontos A, B, C, P, Q da circunferência). O lugar geométrico dos pontos X (intersecções de retas correspondentes de dois feixes projetivos não perspetivos) é uma cónica única definida projetivamente que coincide com a circunferência inicialmente definida euclideanamente.

H. S. M. Coxeter, Projective Geometry, Springer. NY:1994

26.11.12

Experiência interativa: Ponto de intersecção de cónica com reta

Depois da experiência interativa da entrada anterior, podemos propor uma experiência dual, claro.
Onde dávamos cinco retas para definir uma cónica (o polígono circunscrito à cónica), aqui damos cinco pontos sobre a cónica (o polígono inscrito na cónica). Onde pedíamos o ponto de tangência de uma das retas (ou lados), aqui pedimos uma reta tangente num dos vértices. E, quem resolver um deles, pode resolver o outro usando o mesmo processo. Onde escrevíamos A, escrever a, e onde estava a.b, escrever AB, ...
Bom trabalho.



  1. Antes das ferramentos de marcação de pontos e traçado de retas por dois pontos, aparece uma ferramenta para deslocar elementos
  2. Os passos dados usando as ferramentas disponíveis:
    • [a, "Um dos lados do polígono inscrito, sim"],p.ex. AB
    • [b,"Claro que todos os lados interessam"], BC,
    • [d,"Um lado do polígono inscrito"],CD,
    • [e, "Um lado do polígono inscrito"],DE,
    • [F, "Intersetar pares de lados sem vertices comuns"],AE.ED
    • [G, "Intersetar lados sem vértices comuns, claro"], ED.BC
    • [f, "Reta onde se encontram esses lados (opostos?)"], FG
    • [S,"Onde o lado AB encontraria um lado oposto, se tivessemos um hexágono ABCDDE"], S
    • [s, "s=SD é a tangente em D (DD oposto a AB)- Parabéns! "], DS - a tangente em D: DD ];

H. S. M. Coxeter, Projective Geometry, Springer. NY:1994